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Patricia Hill Collins: considerar a diversidade é manter o aluno na escola

Em visita ao Brasil, Patricia Hill Collins, professora universitária de Sociologia da Universidade de Maryland, apresentou sua jornada na educação e a relação com o Brasil

 (Lilo Oliveira/Divulgação)

(Lilo Oliveira/Divulgação)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 20 de junho de 2023 às 15h00.

Última atualização em 20 de junho de 2023 às 15h58.

O papel transformador da educação é essencial na decolonização dos estudos sociais ao incluir ideias crítico de pensadores negros, conforme aponta a professora universitária de Sociologia da Universidade de Maryland, Patricia Hill Collins.

A professora, que esteve no Rio de Janeiro* na última semana, apresentou sua jornada de estudos e a relação com o Brasil. “Fui a primeira de minha família a se graduar. Felizmente, numa época de movimentos sociais efervescentes, quando eu pude constar que não estava sozinha e concordava em ideias como as compartilhadas por Paulo Freire em Pedagogia da Esperança e Pedagogia do Oprimido”.

Outra influencia brasileira em Hill Collins são os quilombos. “Quando vim ao Brasil entender que ‘quilombo’ era uma forma do que eu estava fazendo”, disse ao citar o caso de uma escola na qual, primeiramente, os alunos eram divididos na sala de aula por notas. Sendo os melhores colocados nas mesas da frente.

“Ali foi preciso mudar a estrutura física da classe, mas também questionar como o ambiente escolar reproduz hierarquias de fora. Como quando todas as professoras são mulheres, mas lideradas por um diretor homem”. Segundo ela, o contexto político de fora faz parte do que acontece dentro do espaço de ensino.

Educação antirracista na prática

A educadora lembra de um tempo em que as pessoas negras começaram a criar as próprias universidades. “As Universidades não queriam estudos sobre a história negra e muito menos estudantes negros”.

Agora, o racismo ainda ocorre, mas algumas evoluções são vistas. “Os estudos étnico-raciais aparecem mais e têm a capacidade de influenciar criticamente as políticas das comunidades. Esse impacto é muito poderoso e grupos contrários sabem disto”. De acordo com ela, corrigir e criticar o currículo tradicional, que foca em pensadores brancos, é uma agenda ambiciosa que não pode parar.

Hill Collins afirma se guiar por algumas perguntas como: “Qual a conexão entre educação crítica e a luta negra pela liberdade?”, “Como me baseei na compreensão de Freire?” “Por que continuo esperançosa e como a educação crítica contribui para que eu seja assim?”. As dúvidas são uma forma de orientação para ação efetiva além dos estudos subjetivos da academia.

Em relação ao Brasil, introduzir pensamentos que consideram a diversidade é uma forma de manter o aluno na escola. “O Brasil tem 56% de pretos e pardos, versus uma proporção de menos de 20% nos Estados Unidos. Está na hora do país entender como introduzir políticas de diversidade para gerar interesse, proximidade e retenção escolar”.

*Patrícia Hill Collins se apresentou no Festival Led - Luz na Educação, promovido pela Rede Globo e Fundação Roberto Marinho.

Acompanhe tudo sobre:DiversidadeEducação

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