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Para proteger abelhas, gigante chinesa cria apiários ao redor de canaviais

Cofco, uma das maiores traders do mundo, já identificou mais de 5.000 colméias no entorno dos seus canaviais e investe em capacitação de apicultores

Apiário próximo a canavial da Cofco: empresa usa monitoramento via satélite para evitar pulverizar defensivos nas abelhas (Cofco/Divulgação)

Apiário próximo a canavial da Cofco: empresa usa monitoramento via satélite para evitar pulverizar defensivos nas abelhas (Cofco/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 17 de outubro de 2020 às 11h48.

As abelhas são um problema para os agricultores. Não pela presença delas, mas pela ausência. O uso intensivo de agrotóxico está matando diversas espécies, que são grandes polinizadoras. Uma pesquisa realizada por cientistas dos Estados Unidos, Canadá e Suécia e publicada na revista científica Royal Society, relatou que diversas áreas agrícolas estão sendo prejudicadas pela falta de abelhas nas plantações. Entre os alimentos que tiveram sua quantidade reduzida estão a maçã, as cerejas e os mirtilos.

Para evitar o problema no Brasil, a gigante chinesa Cofco, trader ligada grupo Cofco Corporation, maior empresa de alimentos da China, passou a identificar apiários no entorno dos seus canaviais. Já foram identificados 78 apiários, que concentram mais de 5.000 colméias. O programa teve início em 2016. Os apicultores identificados recebem capacitação da empresa. 

Mas, ainda há o problema da pulverização dos defensivos agrícolas, uma espécie de kriptonita para as abelhas. A solução encontrada para proteger as abelhas foi utilizar a tecnologia de monitoramento via satélite. O sistema identifica os apiários e altera a rota dos aviões pulverizadores, que evitam as regiões. 

Apicultor trabalha em apiário em canavial da Cofco: empresa investe na capacitação dos produtores

Apicultor trabalha em apiário em canavial da Cofco: empresa investe na capacitação dos produtores (Cofco)

abelhas - canaviais - cofco

Apicultor trabalha em apiário em canavial da Cofco: empresa investe na capacitação dos produtores (Cofco/Divulgação)

Abelhas ameaçadas de extinção 

Em 2017, a primeira abelha foi adicionada na lista de espécies ameaçadas dos Estados Unidos: o zangão. Pelas últimas duas décadas, o macho sofreu uma redução de 87%.

O estudo publicado na Royal Society analisou os dados de 13 estados dos Estados Unidos e suas respectivas culturas alimentares. Os cientistas relataram que as abelhas estão sofrendo com a redução de campos floridos, com o uso de pesticidas e também com a crise climática global.

Abelhas selvagens, como mangangás, são exemplos de polinizadores que estão sendo afastadas das plantações. Os cientistas estimam que três quartos das culturas alimentares do mundo podem ter prejuízo devido a redução de abelhas nos campos agrícolas.

Rachel Winfree, ecologista da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, disse em nota que, dentre as 131 colheitas analisadas, as que continham mais abelhas tiveram uma produção significativamente maior. Os pesquisadores ainda ressaltaram que as abelhas selvagens são polinizadores mais eficazes do que abelhas comuns, embora ambas estejam em declínio. 

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