ESG

Para furar bolha do mercado financeiro, empresa vende títulos com viés ESG

A securitizadora Grupo Gaia lança uma nova marca, que já nasce com mais de R$ 20 bilhões em operações

João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia: securitizadora lança nova empresa para reforçar compromissos em ESG (Grupo Gaia/Divulgação)

João Paulo Pacífico, CEO do Grupo Gaia: securitizadora lança nova empresa para reforçar compromissos em ESG (Grupo Gaia/Divulgação)

O Grupo Gaia, conjunto de empresas que atuam no mercado financeiro e imobiliário, anunciou o lançamento da Planeta Securitizadora, companhia que assumirá a atuação financeira do grupo, até então voltada para produtos imobiliários e do agronegócio sustentável. O grande objetivo da mudança de nome e criação da nova empresa é replicar o compromisso ambiental, já enraizado no Grupo Gaia, para novos produtos a partir de agora, em especial os voltados para o crédito rural.

A Planeta trabalhará com a emissão de títulos antes feita pelo Grupo Gaia, como recebíveis imobiliários (CRI), do agronegócio (CRA) e debêntures financeiras, de maneira totalmente online. “As securitizadoras em geral estão passando por um momento de intensa digitalização, e mergulhamos nesse momento agora também com a Planeta”, diz Guilherme Costa, presidente da Planeta. Como securitizadora, a empresa assume o papel de converter dívidas de produtores, distribuidores de insumos e cooperativas em títulos comercializáveis no mercado de capitais.

Apesar de fazer parte do grupo, a nova empresa será independente, o que irá permitir que o grupo passe a administrar apenas produtos vinculados ao impacto socioambiental, enquanto a Planeta ficará responsável pelos títulos financeiros com viés sustentável. Com isso, o Grupo Gaia ganhará até mesmo um novo nome: Gaia Impacto.

Histórico social
A relação do Grupo Gaia com as finanças de impacto já é de longa data, segundo João Paulo Pacífico, fundador do grupo. A securitizadora já trabalhou com um dos primeiros blended finance do país, no que foi considerada a primeira emissão de uma debênture de impacto social, ainda em 2018. Foram 5 milhões de reais captados para a reforma de moradias em comunidades carentes.

“Desde o primeiro momento, queríamos mostrar que o mercado financeiro também pode ser positivo, mesmo com todo o tradicionalismo”, diz. Na lista de empresas que já trabalharam com as emissões do Grupo Gaia estão nomes como Cyrela, Basf e Dasa.

Apesar de não levar Impacto no nome, a nova empresa também tem relação direta com o ESG, segundo Costa. "A ideia é vincular o mercado financeiro tradicional ao olhar humano. Não vamos perder o DNA que herdamos do grupo”, diz. Com a nova empresa, a Gaia também passa a aceitar capital vindo de gestoras parceiras e investidores, e, com isso, espera crescer 50% até o final do ano — a empresa não divulga o faturamento do ano anterior. “Queremos manter um ritmo "startup" de crescimento”, diz.

Na Gaia Impacto, o objetivo continuará sendo o uso de instrumentos financeiros para gerar impacto socioambiental. "Para nós, o que realmente vale é fazer a Faria Lima entender que de nada adianta prosperar, se ainda há fome e desigualdade", diz Pacífico. "Nossa intenção é movimentar, modificar e transformar esse cenário, seja ajudando projetos de impacto, seja facilitando o crédito para um pequeno produtor rural".

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