Créditos de carbono (Thithawat_s/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 6 de janeiro de 2022 às 16h41.
Última atualização em 6 de janeiro de 2022 às 17h18.
As questões sociais, ambientais e de governança, reunidas sob a sigla ESG, conquistaram um espaço inédito no mercado financeiro em 2021. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), para 87% das instituições financeiras, o tema ganhou relevância no ano passado, sendo que mais da metade (52%) diz que ganhou muita relevância. O estudo foi feito com 265 instituições e contou com apoio do Datafolha.
Para este ano, a tendência vai continuar. De acordo com 90% das instituições pesquisadas, 2022 será mais um ano em que o ESG conquistará espaço, e para mais da metade, muito espaço. “Com a pandemia, muita gente pensou que o avanço dessa agenda perderia força. Não foi o que aconteceu”, afirma Carlos Takahashi, vice-presidente da Anbima.
Takahashi, que até o ano passado liderava a gestora americana Blackrock, a maior do mundo, no Brasil, foi um dos primeiros executivos do mercado financeiro a defender abertamente uma mudança de posicionamento do setor em relação à sustentabilidade. Ele tinha o incentivo do chefe, Larry Fink, CEO da Blackrock, um ícone nesse processo de disseminação do ESG — há quase uma década, Fink divulga uma carta anual aos clientes defendendo a ideia.
O crescimento do tema se deu numa perspectiva de risco. “Tivemos de lidar com eventos inesperados e surgiram questões sociais que acabaram empurrando ainda mais a agenda”, diz Takahashi. Para este ano, a expectativa é de que a letra “S” da sigla fique mais em evidência, puxada pelos problemas sociais e pela saúde.
A pesquisa da Anbima aponta que 70% das instituições financeiras passaram a avaliar com mais cuidado os problemas sociais, 69% questões epidemiológicas e 68% a saúde pública. Considerando apenas as casas de grande porte, os porcentuais são de 73%, 71% e os mesmos 68% para a saúde.
No início de 2020, o Fórum Econômico Mundial, em Davos, girou em torno do ESG, com grande ênfase no desafio de reduzir as emissões de carbono e conter o aquecimento global. Passados dois anos, e com uma pandemia no meio, o mercado compreendeu que o tema demanda uma abordagem mais abrangente, especialmente em países como o Brasil. “Há uma agenda ambiental muito forte, mas os países emergentes têm uma relação muito diferenciadas com o S”, afirma Takahashi. “As letrinhas não atuam de maneira distinta.”