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Para 71% dos brasileiros, agenda ESG vale mais que recuperação em V

Brasil é o país que mais acredita que o desenvolvimento deve ser medido por fatores sociais e ambientais, e não por indicadores econômicos

A maioria dos consumidores está disposta a recompensar uma empresa socialmente responsável: 44% dizem que fizeram isso no último anos e 35% que considerou fazer, mas não fez (Adam Gault/Getty Images)

A maioria dos consumidores está disposta a recompensar uma empresa socialmente responsável: 44% dizem que fizeram isso no último anos e 35% que considerou fazer, mas não fez (Adam Gault/Getty Images)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 08h52.

Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 10h43.

A recuperação em V pode ser um sonho para os investidores e o governo. O povo brasileiro, no entanto, não está tão preocupado. De acordo com uma pesquisa feita pela empresa de pesquisas GlobeScan, encomendada pelo Instituto Akatu, ONG que promove o consumo consciente, 71% dos brasileiros preferem uma reestruturação econômica que priorize a redução das desigualdades e o meio ambiente, em detrimento ao crescimento acelerado. 

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No Brasil, 85% acreditam que o progresso nacional deve ser medido por fatores como saúde, desenvolvimento social e preservação do meio ambiente, e não apenas por indicadores econômicos. É o maior percentual entre os 27 países pesquisados. 

O estudo foi patrocinado pela Ambev e pela ONG WWF. Foram entrevistadas mil pessoas no Brasil, de diferentes classes sociais. Entre as mulheres, o percentual das que desejam uma recuperação mais consciente chega a 75% e entre os jovens da geração Z, a 84%. Curiosamente, o número mais baixo está na classe baixa: 62%. 

“Possivelmente isso se deve à desigualdade ter sido escancarada na pandemia, despertando a necessidade moral, nas várias gerações e especialmente na geração Z, de reduzir o sofrimento e de criar uma melhor perspectiva social e ambiental para todos”, aponta a pesquisa.

Mais de 90% dos brasileiros concordam, totalmente ou parcialmente, com a frase “nós, como sociedade, devemos responder às mudanças climáticas com a mesma urgência que respondemos à pandemia”. Isso indica, segundo o trabalho, que há uma clara percepção da gravidade do problema e da urgência em responder à crise climática. 

Em relação às responsabilidades das empresas, mais de 80% acreditam que elas devem remunerar seus funcionários de maneira justa, garantir que seus produtos são seguros e saudáveis, fornecer informações claras sobre os processos produtivos e tratar todos os funcionários da mesma maneira. Para 79%, as empresas devem garantir que suas operações não agridam o meio ambiente. Apenas 11% afirmam que o setor produtivo deve ajudar a solucionar problemas sociais e 36% que deve reduzir abusos aos direitos humanos. 

A maioria dos consumidores também está disposta a recompensar uma empresa socialmente responsável: 44% dizem que fizeram isso no último anos e 35% que considerou fazer, mas não fez. Esse percentual é maior nas classes mais altas. “O menor poder aquisitivo e a percepção de que os produtos mais sustentáveis são mais caros levam a classe baixa a uma menor disposição de recompensar marcas socialmente responsáveis”, afirma a pesquisa. Segundo o Instituto Akatu, os números mostram que as empresas devem comunicar melhor suas ações socioambientais, para além do momento da compra.

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