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Favela no Rio de Janeiro: dos 17 ODS, o Brasil cumpre apenas um até o momento (joao Gurgel / 500px/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 11 de novembro de 2020 às 14h38.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 15h18.
A Rede Brasil do Pacto Global, entidade empresarial ligada à ONU, lança nesta quarta-feira, 11, uma iniciativa para fomentar a Agenda de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas no interior do país. Essa agenda reúne 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que abrangem desde a proteção ao meio ambiente até o estabelecimento de relações de trabalho dignas e justas.
Por meio de parcerias com entidades regionais, a organização irá criar hubs de capacitação, em que as empresas terão acesso a programas, treinamentos e eventos sobre a implementação dos ODS. “Esta é uma nova forma de atuação do Pacto Global, única no mundo. O Brasil tem atualmente a terceira maior rede e a que mais cresceu em 2020 e entendemos que a localização dos ODS em cada região será fundamental para avançarmos ainda mais nessa agenda”, afirma Rodolfo Sirol, presidente do Conselho da Rede Brasil do Pacto Global.
O primeiro hub será em Minas Gerais, fruto de uma parceria com a Desafio 2030, rede de organizações mineiras do setor privado. A referência a 2030 se deve pelo prazo estipulado pela ONU para atingir as metas dos ODS. Por causa disso, 2020 marca o início da chamada “década da ação”, em que será preciso avançar nessa agenda. “Precisamos mobilizar cada vez mais empresas e lideranças para cumprir sua responsabilidade com a humanidade”, afirma Marina Spínola, diretora da Fundação Dom Cabral e representante da Rede Desafio 2030.
Em dezembro, está prevista a inauguração do segundo hub, no Paraná, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado.
Brasil atrasado
Os ODS são usados por países e empresas para definir projetos e políticas ambientais e de sustentabilidade. Entre as principais metas, que devem ser alcançadas em 2030, estão a de acabar com a pobreza, com a fome e assegurar uma vida saudável para todos. O descompasso entre o discurso e a ação pode estar relacionado à dificuldade de se compreender a relação entre as metas estabelecidas, a maioria delas de caráter social e ambiental, e os negócios das empresas.
Hoje, dos 17 ODS, o Brasil atingiria apenas um: assegurar o acesso confiável à energia para todos. O país enfrenta desafios significativos em dez objetivos, incluindo acabar com a fome e com a pobreza. Nos quesitos construir infraestruturas resilientes e fomentar a inovação, o desafio é permanente.
“Estamos ficando para trás”, afirma Carlo Pereira, diretor executivo da Rede Brasil do Pacto Global, órgão das Nações Unidas responsável por disseminar os ODS entre as empresas. “Em 30% dos ODS, estamos abaixo da média da América Latina”. Um risco para as empresas, associado ao mau desempenho brasileiro, está na possibilidade de convulsão social, como aconteceu nas passeatas de 2013.
ONU quer mais ambição das empresas
Em outubro, a ONU completou 75 anos de existência. Em seu aniversário, o Pacto divulgou um relatório com o progresso dos ODS na última meia década. A conclusão da pesquisa é que, para atingir os objetivos, será preciso viabilizar mudanças sistêmicas na economia. O discurso, apenas, não vai levar a lugar nenhum.
Uma das conclusões do estudo é que há um abismo de diferença entre as empresas que realizam ações em prol dos ODS, medida adotada por 84% das companhias, e as que de fato integram os objetivos em suas estratégias de negócios, algo que menos da metade das companhias faz. Ao mesmo tempo, falta ambição. Apenas 39% dos pesquisados acredita que as metas adotadas por suas companhias são ambiciosas, baseadas na ciência e em demandas da sociedade.