ESG

Os oceanos devem ser vistos como um ativo, diz ministro de Portugal

Portugal é o país-sede da Conferência dos Oceanos, da ONU. No evento, Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Ação Climática falou à EXAME sobre geração de energia, preservação dos mares, mudanças climáticas e mais

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Ação Climática de Portugal na Conferência dos Oceanos 2022 (Leandro Fonseca/Exame)

Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Ação Climática de Portugal na Conferência dos Oceanos 2022 (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 1 de julho de 2022 às 10h35.

Última atualização em 1 de julho de 2022 às 12h29.

*De Lisboa, Portugal

Como país-sede da Conferência dos Oceanos, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), Portugal tem participado das reuniões oficiais e mostrado as boas práticas para os governantes de outras regiões. A intenção, segundo Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e Ação Climática de Portugal, é reforçar a importância que os oceanos têm em nossa vida e promover compromissos para a mitigação de impactos negativos.

"Os oceanos devem ser visto como um ativo social e econômico, que tem poder de frear as mudanças climáticas, promover energia e garantir a biodiversidade", afirma. Veja a entrevista exclusiva à EXAME.

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Como a Conferência dos Oceanos é importante para o tema das mudanças climáticas e da economia?

Se não tivermos oceanos saudáveis, obviamente, todos sofrerão enorme impacto. Este é o ano mais quente desde 1931, isto implica ter menos água na agricultura, na produção de eletricidade e mais.

Assim, na Conferência, queremos mais compromissos entre a comunidade internacional, como a limpeza dos oceanos, a proteção dos territórios e zonas costeiras, além de auxiliar as comunidades que são profundamente afetadas na sua subsistência. Estes são só alguns dos exemplos de como os países podem se comprometer. O oceano pode, e deve, ser visto como um ativo para energia verde e outros potenciais econômicos.

Como Portugal trabalha para acelerar essa agenda?

Um dos aspectos mais importantes é a parte de saneamento para cuidar do que despejamos nos oceanos. E tivemos a evolução do tratamento da água: atualmente, 85% da população tem saneamento e 99% da nossa água tem qualidade.

Este é o ano em que temos o maior número de praias com qualidade, são 431 de 660. Nunca tivemos tantas praias com “bandeira azul”.

Dos anos 1990 para cá aumentamos muito a cultura de saneamento e lixo, que tem uma ligação direta com a poluição dos oceanos. O cuidado com o saneamento também gera oportunidades como o aumento da água de reúso para lavar ruas e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Como o governo trabalha com a iniciativa privada para a preservação dos oceanos?

Fundações e investidores privados têm tido papel importante na identificação das áreas produtivas ligadas aos oceanos. Criamos um modelo de cogestão das áreas de forma a responsabilizar as empresas e mostrar o seu papel na conservação da natureza.

Sabemos que muitas companhias têm trabalhos para, por exemplo, reduzir a pegada de carbono, que está diretamente ligada a meta de Portugal atingir a neutralidade das emissões até 2050.

Estamos também trabalhando na transição energética, focados em geração eólica e solar, outra bandeira na qual as empresas devem assumir compromissos e avançar na criação de instrumentos privados para as mudanças climáticas.

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