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A indústria de fundos ESG alcançou 1 trilhão de dólares de patrimônio no mundo. No Brasil, o segmento ainda é pequeno, mas cresceu 25% em 12 meses (weerapatkiatdumrong/Thinkstock)
Rodrigo Caetano
Publicado em 31 de agosto de 2020 às 09h00.
Última atualização em 28 de abril de 2021 às 16h50.
Os fundos ESG estão bombando. O conceito, cuja premissa é adotar critérios ambientais, sociais e de governança nas empresas (daí vem a sigla em inglês ESG, que também é usada em portugês: ASG), vem ganhando tração no mercado financeiro. No segundo trimestre, essa indústria alcançou 1 trilhão de dólares em patrimônio, com um crescimento de 25% -- quase o dobro da média do mercado, que foi de 13%. É o que mostra o primeiro relatório sobre o setor, publicado pela Exame Invest Pro.
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A demanda dos investidores por investimentos ESG vem sendo impulsionada pelo fato de grandes gestoras passaram e dar muita relevância ao conceito. É o caso da BlackRock, maior gestora do mundo, com um patrimônio que ultrapassa 7 trilhões de dólares. Desde o início do ano, a BlackRock lançou 23 fundos de índice (ETF) sustentáveis.
Em recente relatório, a BlackRock aponta que 94% dos produtos de investimento sustentáveis, seguidores dos princípios ESG, tiveram performance melhor do que seus pares, no primeiro trimestre deste ano. A gestora também comparou os mesmos índices com outras crises.
Em 2015, durante a queda do preço do petróleo e o choque nos emergentes, 78% dos investimentos ESG ficaram acima da média; em 2018, quando o FED, o banco central americano, alterou a sua política monetária, o percentual foi de 75%. De janeiro até junho, 88% dos índices relacionados ao conceito estão com desempenho melhor do que o mercado.
Larry Fink, CEO da companhia, é um dos maiores incentivadores do chamado capitalismo de stakeholder, modelo que defende uma mudança no propósito das empresas, saindo da busca pelo retorno ao acionista, como determinava Milton Friedman, e mirando na geração de valor para todas as partes impactadas pela atuação empresarial.
“A única coisa que é muito clara nesse mundo pós-covid é que o capitalismo de stakeholder irá se tornar cada vez mais importante”, afirmou Fink, ao divulgar os resultados da gestora no segundo trimestre.
No Brasil, em termos de volume, o segmento ainda não é relevante. Mas vem crescendo rapidamente. Os fundos registrados como Ações Sustentabilidade/Governança pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) possuem um patrimônio somado de 543,1 milhões de reais. Entre julho de 2019 e julho deste ano, essa categoria registrou um crescimento de 26%.
Há, no entanto, mais opções de fundos ESG, além dos categorizados pela Anbima. Confira, a seguir, as principais gestoras e seus fundos responsáveis, de acordo com amplo levantamento realizado pela Exame Invest Pro.
Fundo recomendado: FAMA FIC FIA
Pioneira na adoção do conceito, a Fama adota uma estratégia para os fundos de ações com viés fundamentalista e critérios ESG rigorosamente incorporados à avaliação das empresas investidas.
Em uma live transmitida pela EXAME, o fundador da gestora, Fabio Alperowitch, refutou a ideia de que o ESG está ligado à filantropia.
“Muita gente tem a impressão que esse modelo significa abrir mão de retorno por uma causa e é justamente o contrário: você está incrementando o seu retorno no tempo, porque ESG é a melhor ferramenta que eu conheço para identificar empresas de qualidade e gestão de riscos”, afirmou Alperowitch.
Fundos recomendados: CONSTELLATION FIC FIA / CONSTELLATION COMPOUNDERS ESG FIA
A Constellation adota o ESG, formalmente, desde 2019. O objetivo de abraçar o conceito é melhorar a performance dos fundos no longo prazo, reduzir o risco e, principalmente, motivar as empresas a se desenvolverem em termos socioambientais e com zelo pela governança.
A gestora usa o ESG para delimitar o escopo da sua atuação e estabelece, por exemplo, a necessidade de todos os analistas terem no bolso um questionário extenso para as empresas, a fim de determinar o grau de aplicação das melhores práticas socioambientais e de governança das candidatas. Essa avaliação é revisada periodicamente.
Fundos recomendados: JGP STRATEGY FIC FIM / JGP ESG FIC FIA
A conversão da JGP ao modelo veio do jeito mais dolorido: com prejuízo na prática. A gestora tinha uma grande posição em Vale na época do acidente em Brumadinho e amargou perdas relevantes.
Somado a isso, ela passou a sofrer pressão de um dos seus investidores, o familly office SKP, para adotar investimentos responsáveis. O escritório, que administra a fortuna de algumas famílias, por sua vez, vinha sendo pressionado por seus clientes.
Após estudar o tema durante um ano e meio, a JGP passou a acreditar que quando a mudança nas companhias é feita de dentro para fora e é bem sucedida, “consegue conciliar o retorno financeiro com o papel de fomentar o bem da sociedade.”
Fundo recomendado: BRASIL CAPITAL 30 FIC FIA
Mais do que integrar o ESG em um produto específico, a Brasil Capital quer adotar o conceito como a estratégia principal de investimentos em todos os fundos.
A gestora espera que, à medida que as ferramentas de avaliação do investimento responsável sejam incorporadas, haja melhora na relação de risco e retorno.
A Brasil Capital também adota uma estratégia de contato constante com as empresas investidas. Segundo o sócio Ary Zanetta, são cerca de 2.500 interações por ano. O objetivo disso é obter uma visão holística das empresas, que vai além do que está nos documentos apresentados à CVM.