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Clima: tecnologias e soluções podem viabilizar as propostas apresentadas na COP28 (Leonhard Foeger/Reuters)
Jornalista
Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 12h08.
Última atualização em 7 de dezembro de 2023 às 11h31.
O secretário executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, não fez rodeios nesta quarta-feira, 6, na COP28.
“Todos os governos devem dar ordens claras aos seus negociadores: precisamos de ambição máxima, não de marcar pontos ou de políticas de menor denominador comum”, disse aos jornalistas.
Na declaração à imprensa, Stiell alertou para a necessidade de se abandonar velhos hábitos como forma de superar a crise climática e apontou os ganhos com o Global Stocktake, um veículo, segundo ele, para colocar a ação climática no bom caminho.
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“O financiamento é o grande facilitador da ação climática. As negociações devem colocá-lo no centro das atenções... mas estamos nos enganando ao pensarmos que é um ponto de partida para o financiamento e apoio nesta COP. É necessário mais”, apontou o representante da UNFCCC.
No Global Stocktake, segundo ele, há um texto de partida em cima da mesa, mas que se mostra até agora como um “balaio de gatos”, como se diz no Brasil. Em outras palavras, são muitos desejos e uma dose de tentativas de imposição de interesses.
Agora, apontou, a chave é separar o trigo do joio. “Se quisermos salvar vidas agora e manter o objetivo de 1,5 °C ao nosso alcance, os resultados mais ambiciosos da COP devem estar no centro das atenções”.
Stiell mostrou preocupação com a necessidade de sair do discurso para a prática ao pedir mais transparência e o cumprimento da promessa de financiar a ação climática em todo o mundo.
“Sejamos honestos. As boas intenções não vão reduzir para a metade as emissões nesta década nem salvar vidas neste momento. Só um progresso sério em matéria de financiamento pode produzir resultados na linha da frente”, reforçou Stiell.
O secretário executivo lembrou que já houve a promessa de duplicar o financiamento da adaptação. Agora, disse, é preciso cumprir o que foi dito, incluindo os detalhes, e assim estar em condições de avançar.
“Não podemos perder de vista o Objetivo Mundial para a Adaptação. Oito mil milhões de pessoas estão na linha da frente. Atualmente, apenas 50 países dispõem de planos nacionais de adaptação.
Stiell pediu que, ao final da próxima semana, a COP apresente “um trem de alta velocidade para acelerar a ação climática”. Hoje, segundo o representante da UNFCCC, “temos uma carruagem velha a andar sobre trilhos frágeis”, alertou.
Ainda de acordo com o porta-voz, as ferramentas para viabilizar as ações que podem frear o avanço das mudanças no clima estão postas sobre a mesa e hoje há tecnologias e as soluções para viabilizar as propostas. Sendo assim, “é hora de os governos e os negociadores pegarem nelas e as colocarem para funcionar”.
“As Nações Unidas para as Alterações Climáticas trabalharão com as Partes [os negociadores dos governos] em todas as etapas do processo, na qualidade de mediadores e provocadores honestos. Nos certificaremos de que todos os países tenham um lugar à mesa e possam usar plenamente a sua voz”, prometeu Stiell.