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Os 5Ds da nova energia: a bússola da transição energética no Brasil

Descarbonizar é essencial, mas sem descentralizar, digitalizar, democratizar e diversificar, não há futuro sustentável para o setor

Transição energética: os 5Ds definem direções para um futuro com energia limpa e acessível. (Envato)

Transição energética: os 5Ds definem direções para um futuro com energia limpa e acessível. (Envato)

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 15h00.

A transição energética é um dos maiores desafios — e uma das maiores oportunidades — do século XXI. Mas, para além de metas climáticas e de manchetes sobre energias limpas, há um caminho complexo e sistêmico a ser trilhado. Esse caminho que é indispensável, pode ser operacionalizado através dos “5Ds da energia”. Uma abordagem que orienta o futuro do setor e define o grau de maturidade de países e empresas rumo a uma matriz mais inteligente, resiliente e justa.

O primeiro “D” é o mais conhecido: Descarbonização. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa e acelerar a substituição de combustíveis fósseis por fontes limpas é a âncora da agenda climática. O Brasil, cuja matriz elétrica apresentou 88% de renovabilidade em 2024 (BEN, EPE), tem tudo para ser protagonista nesta transição. Mas o desafio agora é descarbonizar o consumo — o transporte, a indústria e as edificações.

O segundo “D” é a Descentralização. A lógica de grandes usinas localizadas relativamente distantes dos centros de carga vem sendo substituída por milhares de pontos de geração distribuída. Painéis fotovoltaicos em telhados, microgeração eólica, sistemas híbridos, veículos elétricos e baterias são alguns dos exemplos de geração de energia descentralizada que empoderam o consumidor. Eles representam um modelo de negócio promissor e alinhado com as metas da transição, porém impõem às distribuidoras o desafio de ter redes mais flexíveis e resilientes.

Aí entra o terceiro “D”: Digitalização. A energia do futuro não flui apenas como elétrons, mas também como dados. Medidores inteligentes, sensores, plataformas digitais e Inteligência Artificial (IA) permitem prever demandas, automatizar decisões, usar a energia de forma eficiente e reduzir custos. Apesar disso, suscitam o debate sobre segurança cibernética e confiabilidade sobre dados de milhares de consumidores.

O quarto “D”, muitas vezes esquecido, carrega um importante viés social da transição: a Democratização. Afinal, de nada adianta ter energia limpa se ela for inacessível para milhões de brasileiros. Tarifas regressivas e exclusão digital comprometem a transição. A justiça energética precisa ser eixo central do processo — e não um efeito colateral.

Por fim, o quinto “D” propõe o Desenho de Mercado. Uma transição energética bem-sucedida depende da modernização. É preciso redesenhar o mercado de energia para acomodar as novas tecnologias, integrar a geração distribuída, criar modelos mais dinâmicos de precificação e incluir novos serviços, como armazenamento e agregadores de demanda. Isso significa reconfigurar o papel dos agentes, fomentar mercados de flexibilidade e adotar mecanismos que garantam segurança, eficiência e acesso justo. Sem um mercado compatível com a nova realidade tecnológica, os outros Ds não se sustentam.

Os 5Ds são uma agenda de desenvolvimento que conecta clima, economia, tecnologia, sociedade e geopolítica. Eles devem orientar o planejamento de redes e as políticas públicas, os investimentos e a regulação.

A transição energética é, na verdade, uma transformação estrutural. E os 5Ds são sua bússola.

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