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De acordo com a diretora de sustentabilidade, as mudanças no clima e no abastecimento de água não só geram impacto financeiro, como causam um risco na continuação do negócio (Rebecca Cook/Reuters)
Repórter de ESG
Publicado em 22 de maio de 2024 às 15h21.
Última atualização em 23 de maio de 2024 às 10h48.
A indústria química Dow divulgou suas novas metas ambientais para os pilares de água e natureza. O plano foca na redução do impacto em suas fábricas e na cadeia de fornecimento, além de buscar parcerias com pesquisadores, tomadores de decisão, ONGs e comunidade.
Até 2030, a Dow vai implementar uma estratégia de gestão de água em suas 20 fábricas mais dependentes do recurso. A meta ainda inclui que 10 dessas fábricas se tornarão resilientes à água, ou seja, projetadas para se adaptar às condições hídricas adversas, como problemas de abastecimento e escassez.
Até 2035, todas as 104 unidades fabris da Dow terão implementado planos de gestão da água. A expectativa da empresa é que, em 2050, as 20 principais unidades serão resilientes à água.
No lado ambiental, a empresa realiza parcerias para conservar 50 mil acres de mata nativa no entorno de suas fábricas até 2050.
Carrie Houtman, diretora global de sustentabilidade para o clima e circularidade da Dow, conta que a empresa tem um longo histórico de parcerias para atingir suas metas de preservação de água e biodiversidade e conservação ambiental.
A companhia foi um dos primeiros membros do CEO Water Mandate, plataforma do Pacto Global que assegura iniciativas de gestão hídrica no setor privado. “Esse grupo, com grandes empresas à mesa, tem um objetivo de impactar positivamente 100 bacias hidrográficas que abastecem 3 bilhões de pessoas”, contou em entrevista exclusiva à EXAME.
As parcerias da empresa ainda incluem a The Nature Conservancy, instituição focada na proteção ambiental e hídrica, para desenvolver pesquisas que mostram os benefícios para organizações que inserem o meio ambiente na estratégia corporativa. A colaboração entre as companhias ainda instituiu um prazo de 10 anos para acelerar as soluções baseadas na natureza, um objetivo instituído pela companhia para 2025.
Com a Ducks Unlimited, organização norte-americana que busca a preservação de espécies de aves aquáticas e seus habitats, a Dow tem uma parceria para preservar a biodiversidade na região e as rotas de migração animal em toda a América do Norte.
No Brasil, a Dow tem uma parceria com o Instituto Peabiru para fomentar o desenvolvimento socioeconômico e o extrativismo sustentável na comunidade amazônica de Breu Branco, no Pará, onde há uma planta da Dow. Chamada de Projeto Ybá, a iniciativa fortalece negócios de produtos florestais não madeireiros, como plantas nativas do bioma.
As instituições identificaram 17 espécies vegetais de interesse comercial para os setores farmacêutico e cosmético. A andiroba da região foi comprada pela fabricante de cosméticos Natura, dando origem a uma linha de produtos para a pele, como hidratante e sabonete. Os bioativos extraídos a partir da compra geram lucro para produtores da região.
De acordo com a diretora de sustentabilidade da Dow, as novas metas ambientais ligadas à água e uso da terra não são um território novo para a companhia. “Já estamos trabalhando com outras empresas nesses tópicos há dez anos. Mas nós vemos que mudanças no clima e nos padrões de clima globalmente estão mudando a paisagem da companhia quando se trata de riscos e oportunidades”, conta.
“Vemos um aumento na escassez de água em nossa base de ativos, uma maior e acelerada pressão sobre os recursos naturais, e, francamente, há uma necessidade urgente de tomar ação e aprofundar a estratégia da companhia, para que nós estejamos trabalhando em mais lugares em relação à resiliência da água e a proteção de ecossistemas chave onde operamos”, explica.
Houtman conta que a água é a maior dependência da Dow na natureza. As mudanças no clima e no abastecimento de água não só geram impacto financeiro, como causam um risco na continuação do negócio. “Enquanto vemos essas mudanças se intensificarem com o tempo, também sentimos uma necessidade aumentada de dar apoio para a perda da biodiversidade”, conta.
As parcerias para apoiar a biodiversidade na América Latina e do Norte são resultado dessa preocupação com espécies em risco de extinção por conta das mudanças em seus habitats. “Queremos ser uma força positiva quando se trata da resiliência e conservação dos recursos naturais”, conta Houtman.
A diretora ainda conta que a água é essencial para garantir o sucesso da descarbonização da empresa. Isso porque, segundo Houtman, muitas das novas tecnologias adotadas para garantir a produção dos materiais e químicos com menos emissões de carbono aumentam a pegada hídrica. Por isso, a Dow renovou sua estratégia de uso de água pensando também em como diminuir seu uso em um mundo descarbonizado.A preocupação sobre como seguir com um negócio em um planeta com menos oferta de água veio também dos investidores e funcionários da Dow, conta a executiva. “Cada vez mais recebemos perguntas sobre os riscos para nossa cadeia de suprimentos, além de como nosso uso de água e natureza impactam as comunidades ao nosso entorno. Nesse sentindo, a Dow consegue oportunidades enquanto fornecedora de soluções de água e natureza”, conta.
Além das áreas de água e meio ambiente, a empresa também conta com metas relacionadas a emissões de carbono, geração de resíduos, reciclagem e economia circular até 2030.
A Dow quer reduzir suas emissões de carbono em cinco milhões de toneladas ou em 15% na comparação com 2020. Essa redução se baseia tanto na captura de carbono e melhoria dos processos internos como na utilização de energias limpas e renováveis. As emissões devem ser zeradas até 2050.
A companhia também busca comercializar três milhões de toneladas de soluções circulares e renováveis em substituição aos resíduos plásticos. A empresa quer transformar sua economia linear em circular para que, até 2035, todos os produtos Dow sejam embalados com materiais reutilizáveis e recicláveis.
Com a aproximação da COP30, que acontece no próximo ano em Belém, o Brasil deve se posicionar novamente no centro das discussões ambientais no âmbito global. Para a executiva, o país ganha uma nova escala para tratar a preservação ambiental e a biodiversidade como um padrão regulatório em todo o mundo.
“Desde a Conferência do de 1992, no Rio de Janeiro, o Brasil conversa com o mundo sobre o papel que a natureza tem e os caminhos para a descarbonização até 2050. O país se tornou uma referência complexa sobre políticas de conservação para todo o mundo e um modelo para o mundo pensar em diferentes tipos de soluções ambientais para descarbonizar”, disse.