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Redação Exame
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 12h48.
As emissões globais de gases do efeito estufa aumentaram 2,3% em 2024 na comparação com o ano anterior, segundo novos dados divulgados nesta terça-feira, 4, pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O aumento de 2,3% nas emissões globais em 2024 foi impulsionado principalmente pela Índia, seguida por China, Rússia e Indonésia. O avanço é considerado expressivo em comparação com os últimos anos e “semelhante ao crescimento das emissões registrado na década de 2000”, segundo o relatório.
As economias ricas do G20 foram responsáveis por 75% das emissões mundiais. Entre os seis maiores poluidores, os países da União Europeia foram os únicos que reduziram as emissões em 2024.
A ONU voltou a pedir mais esforços aos países mais poluentes para conter o avanço da crise climática.
O relatório foi publicado poucos dias antes da conferência do clima COP30, que será realizada em Belém, no Pará, a partir do dia 10 de novembro.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o mundo deve ultrapassar nos próximos anos o limite de 1,5°C de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais, seguindo a tendência do recorde de emissões registrado em 2024.
A ONU considera inevitável o rompimento da barreira e concentra agora seus alertas em como limitar o aumento das temperaturas a níveis menos arriscados.
"Nossa missão é simples, mas não é fácil: fazer com que qualquer excesso de emissões seja o menor e mais breve possível", declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a apresentação do relatório.
O estudo faz um apelo aos países mais poluentes, principais responsáveis pela crise climática, para que adotem reduções mais rápidas e significativas, a fim de aproximar a curva de aumento de temperatura novamente do limite de 1,5°C até o fim do século.
"A ambição e a ação estão muito abaixo dos níveis necessários em escala mundial ou coletiva", disse à AFP Anne Olhoff, redatora científica chefe do relatório.
De acordo com o estudo, mesmo que todas as metas climáticas globais já aprovadas fossem integralmente cumpridas, o aquecimento atingiria entre 2,3°C e 2,5°C até 2100.
Cientistas apontam que um aquecimento superior a 1,5°C aumenta a intensidade de furacões, inundações e outros desastres naturais. O relatório da ONU alerta que as consequências seriam desastrosas para os países mais vulneráveis ao aumento do nível do mar e aos fenômenos meteorológicos extremos.
Com 1,4°C acima dos níveis pré-industriais, a Terra já está quente demais para a sobrevivência da maioria dos recifes de coral tropicais. As camadas de gelo e a floresta amazônica também podem sofrer mudanças graves e duradouras, com efeitos em escala global.
O Acordo de Paris determina que cada rodada de compromissos climáticos seja mais ambiciosa que a anterior, para manter o aquecimento a longo prazo “muito abaixo” de 2°C e o mais próximo possível de 1,5°C. No entanto, apenas um terço dos países apresentou novas metas de redução de emissões até 2035 antes do prazo de 30 de setembro, informou o PNUMA.
As projeções de aquecimento deste ano são de 0,3°C, um número menor que o do ano passado, mas, segundo Olhoff, apenas uma pequena parte dessa queda se deve a novos compromissos assumidos.
*Com informações da AFP