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Novo fundo global busca frear desmatamento com recompensa de US$ 4 por hectare preservado

Três meses antes da COP30 em Belém, o governo brasileiro tem trabalhado para alcançar um grande compromisso financeiro a ser anunciado no dia do lançamento do TFFF

De acordo com o governo, vários países desenvolvidos manifestaram interesse em investir no TFFF

De acordo com o governo, vários países desenvolvidos manifestaram interesse em investir no TFFF

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 17h37.

O governo brasileiro lidera o projeto de um fundo global para frear o desmatamento com pagamentos de US$ 4 por cada hectare de floresta bem preservado, um mecanismo sem precedentes a ser lançado na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), cujos detalhes estão sendo finalizados, espera mobilizar US$ 125 bilhões de governos e investidores privados, de acordo com a proposta brasileira.

Esse valor será reinvestido em títulos soberanos ou de grandes empresas, com os quais se espera obter um retorno de US$ 4 bilhões por ano a serem distribuídos a mais de 70 países tropicais, da Colômbia à Indonésia, em troca da preservação de suas florestas.

"Vai levantar um volume de recursos que nunca foi alocado para as florestas antes", disse Leonardo Sobral, diretor de silvicultura do Imaflora, ONG brasileira dedicada à gestão sustentável.

Financiamento sustentável

Ao se alimentar dos juros de seus investimentos, em vez de doações únicas, o TFFF tem a meta de ser autossustentável e garantir pagamentos aos países beneficiários de forma contínua.

"Isso dá previsibilidade, não é dinheiro que eles têm em um ano e não no outro, mas será usado para fazer planos de conservação de longo prazo", explicou Sobral, que esteve envolvido em discussões com o governo brasileiro sobre o mecanismo.

No caso do Brasil, cujo território abrange cerca de dois terços da Amazônia, autoridades estimam que o país poderá receber cerca de R$ 5 bilhões por ano, o que equivale a três vezes o orçamento discricionário do Ministério do Meio Ambiente.

Diferentemente de outros instrumentos que financiam projetos específicos previamente acordados com o doador, a atual proposta do TFFF oferece mais flexibilidade aos países beneficiários.

O documento de apresentação propõe que os recursos sejam destinados a programas de conservação e que 20% sejam destinados a comunidades locais ou indígenas.

Monitoramento por satélite

Apesar da flexibilidade no uso do dinheiro, o desempenho de cada país será avaliado com a ajuda de sistemas de monitoramento por satélite, de acordo com a taxa anual de desmatamento, que não poderá ultrapassar o nível registrado no momento em que o país aderir ao mecanismo.

Haverá também penalidades para o não cumprimento: para cada hectare desmatado, um pagamento equivalente a entre 100 e 200 hectares será perdido, e para cada hectare degradado por fogo, o desconto será igual ao pagamento de 25 hectares.

Três meses antes da COP30 em Belém, o governo brasileiro tem trabalhado para alcançar um grande compromisso financeiro a ser anunciado no dia do lançamento do TFFF.

De acordo com o governo, vários países desenvolvidos manifestaram interesse em investir, embora ainda não se saiba se isso vai se concretizar antes da conferência.

Gestão das florestas

O diretor executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, disse que o prazo é "curto", principalmente pelo fato de se tratar de um mecanismo diferente dos que existiam até agora.

"É tão inovador que muitos países ainda não sabem como direcionar os recursos, pois não se trata de uma doação, mas de um investimento", analisou Voivodic.

As avaliações do TFFF pelas agências de classificação, previstas para setembro, também serão fundamentais para a adesão de governos e empresas, segundo o especialista.

"O fundo pode ser um legado muito importante da COP30, mas o trabalho para implementá-lo continuará depois", comentou o representante da WWF-Brasil.

A gestão florestal é um dos temas a serem discutidos no 3º Fórum Latino-Americano de Economia Verde, que será organizado pela Agência EFE em São Paulo no dia 4 de setembro.

O evento, que reunirá autoridades e especialistas para discutir os desafios da crise climática, é promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pelas empresas Norte Energia e LOTS Group, com o apoio do Ibmec, do Observatório do Clima e do Imaflora.

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