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Os fundos ESG fundos chegaram, na semana passada, à marca histórica de 1 trilhão de dólares em patrimônio, no mundo, segundo levantamento da Morningstar (Petmal/Thinkstock)
Rodrigo Caetano
Publicado em 20 de agosto de 2020 às 17h10.
Última atualização em 20 de agosto de 2020 às 17h48.
A gestora Vitreo acaba de lançar seu primeiro produto ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês). O fundo Vitreo FoF ESG Carbono Neutro é voltado para o investidor comum, com um valor mínimo de investimento de 1.000 reais, e se trata de um fundo de fundos, ou seja, investe em uma carteira de fundos com estratégia ESG.
O produto reúne fundos de gestoras como Brasil Capital, Constellation, Fama, Indie Capital e JGP e traz um diferencial em sua taxa de administração, de 0,75% e sem taxa de performance. Parte do valor pago pelos clientes será destinada à compra de certificados de créditos de carbono, que serão neutralizados — isso ocorre quando o comprador dos créditos faz a compensação do certificado. A expectativa da gestora é captar 50 milhões de reais na primeira fase de lançamento.
Segundo George Wachsmann, sócio e CIO da Vitreo, a demanda por esse tipo de produto vem aumentando. “O mercado está atento por ser uma demanda urgente que parte do próprio investidor”, afirma Wachsmann. “Hoje, a política ambiental de empresas e estados, por exemplo, já é um indicador de segurança dos investimentos em todo o mundo.”
Os fundos ESG, de fato, estão bombando. Focados em empresas com boas práticas socioambientais e de governança corporativa, esses fundos chegaram, na semana passada, à marca histórica de 1 trilhão de dólares em patrimônio, no mundo, segundo levantamento da Morningstar.
Esse tipo de investimento tem demonstrado maior resiliência aos efeitos recessivos da covid-19. Um levantamento feito pela BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, aponta que 94% dos produtos de investimento sustentáveis, seguidores dos princípios ESG, tiveram performance melhor do que seus pares, no primeiro trimestre deste ano.
A gestora, cujos ativos somam mais de 7 trilhões de dólares, também comparou os mesmos índices com outras crises. Em 2015, durante a queda do preço do petróleo e o choque nos emergentes, 78% dos investimentos ESG ficaram acima da média; em 2018, quando o Fed, o banco central americano, alterou sua política monetária, o percentual foi de 75%. De janeiro até junho, 88% dos índices relacionados ao conceito estão com desempenho melhor do que o mercado.
No Brasil, não é diferente. Os fundos de ações classificados como sustentáveis pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), acumulam alta superior a 11% (até 21 de julho), o melhor desempenho entre todas as categorias. Desde janeiro, eles acumulam queda de 5,7%, a segunda menor, só perdendo para os fundos de ações livres. Os fundos focados em valor/crescimento acumulam queda de 8,65%.
Em termos de captação, no entanto, os fundos sustentáveis perdem feio. Nos últimos 12 meses, foram apenas 105 milhões de reais, ante 16,9 bilhões dos fundos focados em crescimento e 63,5 bilhões dos fundos de ações livres. É notável a falta de interesse dos investidores, considerando o bom desempenho dos investimentos sustentáveis.