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Frota: operadoras de ônibus do Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Belo Horizonte devem ser as primeiras a se beneficiar do fundo (Germano Lüders/Exame)
Jornalista
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 13h19.
As emissões geradas pelo setor de transporte ainda são um grande problema para muitos país. No Brasil não é diferente, mas um anúncio feito nesta quarta-feira (5) pode significar um avanço importante.
A Bloomberg Philanthropies, o Ministério das Cidades, o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, o BTG Pactual (do grupo controlador da EXAME), o Mitigation Action Facility e o WRI Brasil anunciaram a intenção de lançar um fundo de melhoria de crédito para ônibus elétricos, no valor inicial de 80 milhões de euros. O objetivo é acelerar a adoção de veículos com emissão zero nas cidades brasileiras.
O novo fundo, apresentado durante o Fórum de Líderes Locais da COP30, pretende destravar cerca de 450 milhões de euros em empréstimos privados e viabilizar a implantação de mais de 1.700 ônibus elétricos – ou seja, emissão zero - e infraestrutura de recarga no país em seis anos. Isso representa um aumento de 235% na frota elétrica atual do Brasil.
A iniciativa foi desenvolvida com apoio do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) Brasil, Catalytic Finance Foundation e C40 Cities.
Segundo os organizadores, o fundo foi criado para enfrentar um desafio global: o alto custo de financiamento para projetos urbanos sustentáveis, muitas vezes considerados de risco por investidores. Ao reduzir o risco para credores, o mecanismo deve permitir que cidades brasileiras consigam recursos a custos acessíveis para projetos de baixa emissão, geração de empregos e melhoria da qualidade do ar.
O BTG Pactual comprometeu 24 milhões de euros como investidor âncora. O Mitigation Action Facility - programa com vários doadores que fornece suporte técnico e financiamento climático para projetos ambiciosos de mitigação em setores prioritários - entrará com uma subvenção planejada para primeira perda.
A BTG Pactual Asset Management foi selecionada como administradora do Fundo de Melhoria de Crédito para Ônibus Elétricos no Brasil após uma competição internacional liderada pela Catalytic Finance Foundation e pelo WRI Brasil, que projetaram conjuntamente a estrutura do fundo com o apoio da Bloomberg Philanthropies e da MAF, em parceria com a C40 Cities.
As operadoras de ônibus do Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Belo Horizonte devem ser as primeiras a se beneficiar, com planos de expandir a iniciativa para outras cidades brasileiras nos próximos anos.
O Fundo de Ação para Mitigação concedeu financiamento para a preparação de projetos ao WRI Brasil para desenvolver um programa de subsídios de 25 milhões de euros destinado a acelerar a adoção de ônibus elétricos no país. O programa proposto, segundo os parceiros, forneceria 16 milhões de euros em capital de primeiro risco para estabelecer o Fundo de Melhoria de Crédito para Ônibus Elétricos do Brasil. Outros 9 milhões de euros seriam para assistência técnica para fortalecer as estruturas financeiras e políticas em nível municipal e nacional. Também atenderá as capacidades de fabricação locais para atender à crescente demanda por ônibus elétricos.
Representantes da C40 Cities, Catalytic Finance Foundation, ITDP Brasil e WRI Brasil reforçaram o papel do fundo na mobilidade sustentável, na inclusão social e na viabilização de investimentos climáticos de grande escala
Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, disse que a iniciativa representa “um passo prático em direção a uma mobilidade urbana mais limpa e eficiente”. Já Michael R. Bloomberg destacou o papel do Brasil ao “mostrar quanto progresso pode ser alcançado quando cidades e governos nacionais trabalham juntos com o setor privado”.
O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que a iniciativa reforça o compromisso do país com a descarbonização da mobilidade urbana. A eletrificação das frotas contribui para cidades mais silenciosas e saudáveis, segundo Adalberto Maluf, secretário do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Para Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, o mecanismo vai ajudar o Rio a alcançar a meta de tornar 100% da frota municipal de baixo carbono.
A expectativa é que o mecanismo sirva como referência internacional para destravar capital privado voltado à descarbonização. “Quase 90% do transporte público no Brasil depende de ônibus urbanos. Tornar essa transição realidade é essencial para atingir o zero líquido até 2050”, afirmou Luis Antonio Lindau, do WRI Brasil.