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Ilha de Porto Rico sofre segundo apagão geral em quatro meses. ( Laurie Chamberlain/Getty Images)
Editora ESG
Publicado em 16 de abril de 2025 às 22h36.
Última atualização em 17 de abril de 2025 às 08h10.
Porto Rico sofreu nesta quarta-feira, 16, mais um grande apagão que atingiu toda a ilha, deixando aproximadamente 90% dos consumidores sem eletricidade.
Segundo informações da LUMA Energy, companhia responsável pela transmissão elétrica no território, cerca de 1.309.713 clientes foram afetados, de um total de 1.468.223 usuários.
Em comunicado na rede X, a governadora Jennifer Gonzaléz disse, que "estão trabalhando diligentemente em todo o componente energético antes do período que afetou um grande número de clientes"
E destacou ainda que as autoridades estariam exigindo explicações e soluções tanto da LUMA Energy quanto da Genera PR, organização encarregada pela geração de energia.
O episódio não representa um caso isolado. A ilha de Porto Rico tem enfrentado interrupções constantes no fornecimento elétrico desde que o furacão Maria devastou sua infraestrutura em 2017, causando o maior e mais prolongado corte de energia da história recente dos Estados Unidos.
Na véspera do Ano Novo de 2024, uma paralisação similar também deixou a maior parte do território às escuras durante dias, com quase 90% da ilha sem eletricidade após a falha de um cabo subterrâneo que desencadeou o colapso de todo o sistema.
A frequência desses incidentes se tornou tão alarmante que, durante o período eleitoral de novembro de 2024, logo após um novo furacão em agosto, todos os candidatos ao governo comprometeram-se a rescindir os contratos com a LUMA Energy, refletindo a frustração generalizada com o desempenho da companhia.
Porto Rico optou então, há cerca de quatro anos, pela privatização de sua rede elétrica em uma tentativa de modernizar e tornar mais eficiente um sistema já deteriorado.
As autoridades locais contrataram o consórcio canadense-americano LUMA Energy para administrar as linhas de transmissão e torres, enquanto a Genera PR assumiu o controle das centrais de geração.
O processo de privatização foi apresentado como solução para atrair investimentos necessários para a reconstrução e atualização da infraestrutura danificada.
Contudo, a transição tem sido marcada por controvérsias desde seu início. Protestos públicos contra a LUMA Energy tornaram-se comuns, com moradores denunciando principalmente o aumento nas tarifas de eletricidade sem melhoria proporcional na qualidade do serviço.
Críticos da privatização argumentam ainda que o modelo adotado carece de supervisão adequada e mecanismos de responsabilização.
O descontentamento atingiu tal magnitude que, em manifestações recentes, milhares de porto-riquenhos saíram às ruas exigindo o cancelamento do contrato com a LUMA, previsto para acabar apenas em 2032.
Por outro lado, os defensores sustentam que os problemas atuais são herança de décadas de subinvestimento e má gestão da antiga empresa estatal.
Eles defendem que a transformação completa do sistema requer tempo e paciência, especialmente considerando os desafios impostos por eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
No entanto, [grifar]a persistência dos apagões sugere que a mudança para um modelo privatizado pode ter agravado a vulnerabilidade energética da ilha, deixando sua população de 3 milhões de habitantes exposta a repetidas crises.
Recém-nomeado "czar da energia" de Porto Rico, cargo designado especificamente para lidar com a crise energética na ilha, Josué Colón informou em comunicado que a restauração integral do serviço elétrico poderá demandar mais de 24 horas.
"Este processo não terminará hoje. É uma operação que levará o resto da tarde, prosseguirá durante a noite e provavelmente se estenderá até amanhã — dependendo da resposta das unidades e da recomposição dos circuitos"
A situação porto-riquenha ilustra uma tendência preocupante na América Latina e no Caribe, onde fenômenos climáticos intensos como furacões, secas, enchentes e ondas de calor comprometem progressivamente a segurança energética regional.
O episódio atual destaca a necessidade urgente de sistemas energéticos mais robustos e diversificados, capazes de resistir a condições meteorológicas adversas e garantir um abastecimento estável para os cidadãos.
A crescente imprevisibilidade climática exige uma transformação profunda na infraestrutura energética, não apenas como resposta imediata à crise, mas como estratégia de adaptação às realidades de um planeta em aquecimento.