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Nobel contra a fome: mais de 150 ganhadores pedem ações urgentes para combater a crise global

O grupo assinou uma carta aberta para chamar a atenção frente à insegurança alimentar que atinge mais de 700 milhões de pessoas no mundo e alerta para uma catástrofe iminente

A insegurança alimentar atinge 700 milhões de pessoas no mundo e é agravada pela crise climática  (Brazil Photos / Contributor/Getty Images)

A insegurança alimentar atinge 700 milhões de pessoas no mundo e é agravada pela crise climática (Brazil Photos / Contributor/Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 12h06.

Última atualização em 15 de janeiro de 2025 às 12h08.

Um grupo expressivo de ganhadores do Prêmio Nobel fez um apelo inédito por apoio político e financeiro para combater a crise global da fome. Ao todo, 153 assinaram uma carta aberta publicada no World Food Prize Foundation e chamaram a atenção para um dado alarmante: 700 milhões de pessoas ainda enfrentam a insegurança alimentar atualmente e mais 1,5 bilhão precisarão ser alimentadas até 2050. 

O pedido veio junto com um alerta: caso não haja uma ação global coordenada, o futuro será marcado por instabilidades e uma catástrofe alimentar iminente até meados do século.

O documento aponta para a necessidade de investimentos em pesquisa visando desenvolver tecnologias agrícolas avançadas e driblar os impactos das mudanças climáticas, conflitos e degradação ambiental. "Precisamos de esforços revolucionários e amigáveis ao planeta, que levem a avanços substanciais, e não apenas incrementais, na produção de alimentos para garantir segurança alimentar e nutricional", destaca.

Entre os signatários estão nomes como Robert Woodrow Wilson, Nobel de Física de 1978, Jennifer Doudna, Nobel de Química de 2020 pela descoberta do CRISPR, e Joseph E. Stiglitz, Nobel de Economia de 2001.

Cary Fowler, coordenador da iniciativa e vencedor do Prêmio Mundial da Alimentação de 2024, enfatizou em nota que a produtividade agrícola global está em declínio, enquanto a população e as pressões ambientais crescem.

"Precisamos canalizar nossos melhores esforços científicos para reverter essa trajetória ou a crise de hoje se tornará a catástrofe de amanhã", escreveu Fowler. 

“Temos apenas 25 anos para mudar a trajetória atual”, alertou Akinwumi Adesina, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento. Ele destacou que os efeitos da emergência climática são ainda mais severos em países de baixa renda, onde a produtividade precisa quase dobrar até 2050.

Soluções para reverter a crise

Os homenageados pelo Nobel sugerem avanços como a melhoria da fotossíntese em cultivos como arroz e trigo, desenvolvimento de cereais que dispensam fertilizantes e a promoção de culturas nativas resistentes. Também enfatizam a necessidade de melhorar o armazenamento de alimentos e investir em novas fontes nutricionais, como aqueles produzidos a partir de fungos e microrganismos.

Além disso, o grupo ressalta a urgência de priorizar regiões vulneráveis, como a África, onde as mudanças climáticas devem reduzir drasticamente as colheitas. Políticas restritivas à inovação no setor agrícola também foram apontadas como barreiras ao progresso.

Mashal Husain, presidente da Fundação do Prêmio Mundial da Alimentação, comparou a situação a uma “verdade inconveniente” e pediu maior colaboração. “Ter as mentes mais brilhantes do mundo unidas neste apelo urgente deve inspirar esperança e ação. Se levamos o homem à Lua, podemos garantir comida para todos aqui na Terra", escreveu.

A carta será debatida em um evento no Comitê de Agricultura do Senado dos EUA e em um webinar nos dias 14 e 16 de janeiro, respectivamente.

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