ESG

No segundo dia de cúpula do clima, destaque será Bill Gates

Empresário falará sobre oportunidades de investimentos contra ações climáticas durante evento que reúne líderes mundiais

Bill Gates: empresário será destaque durante segundo dia da cúpula do clima (Thierry Monasse/Getty Images)

Bill Gates: empresário será destaque durante segundo dia da cúpula do clima (Thierry Monasse/Getty Images)

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O fundador da Microsoft e presidente do conglomerado de empresas de energias renováveis Breakthrough Energy, Bill Gates, será o nome de peso no segundo dia da cúpula do clima, evento convocado pelos Estados Unidos e que tem reunido 40 chefes de Estado entre quinta-feira e sexta-feira por videoconferência.

A convite de Joe Biden, Gates vai falar sobre as oportunidades econômicas que podem surgir a partir das ações com foco no clima. Na pauta, estarão os benefícios de longo prazo de uma recuperação econômica baseada em uma matriz energética verde, e também da descarbonização de diferentes nações.

Esta não será a primeira vez que o empresário participará de encontros que reúnem líderes globais para discutir ações efetivas de combate às mudanças climáticas e novas diretrizes econômicas para fomentar a expansão de fontes renováveis. Em janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, o bilionário participou de uma discussão sobre o futuro do mercado de carbono voluntário, ambiente onde empresas e governos compensam suas emissões por meio da compra de créditos de carbono de projetos ambientais.

Na ocasião, Gates defendeu o uso da inovação para alavancar tecnologias emergentes capazes de capturar carbono, principalmente em países em desenvolvimento. Para ele, há um benefício adicional para nações diretamente afetadas pelas consequências das mudanças climáticas, pois são elas que irão liderar a transição energética, o pagamento por serviços ambientais e o mercado de carbono - e o Brasil está nesta lista.

Na cúpula, espera-se que Gates discuta também a oportunidade de geração de empregos em energia limpa. O tema vai ao encontro do esperado por Biden, que anunciou uma agenda de investimento em infraestrutura de 2,5 trilhões de dólares que foca principalmente em empregabilidade, energia renovável e veículos elétricos. O governo tem chamado o plano de American Jobs Plan (plano de empregos americano), afirmando que este é "o maior investimento em empregos americanos desde a Segunda Guerra Mundial".

Em entrevista à EXAME, a diretora do programa de clima do World Resources Institute (WRI) Brasil, Carolina Genin, afirmou que a agenda ambiental de Biden extrapola o âmbito das mudanças climáticas, e foca de fato na geração de empregos.

Compromissos globais

No primeiro dia da cúpula, os Estados Unidos assumiram um novo compromisso de neutralizar suas emissões até 2030, uma meta duas vezes mais ambiciosa que a imposta durante o governo Obama, também democrata. A postura vai ao encontro do desejo do país em se tornar líder na pauta climática, algo que já tem sido demonstrado desde o retorno da nação ao Acordo de Paris, no início do ano.

Biden aproveitou a oportunidade para cobrar um posicionamento de países na preservação do meio ambiente e na geração de empregos relacionados à geração de energias limpas. "É um imperativo econômico e moral", disse.

O Brasil, em contrapartida, ganhou destaque pelo descompasso entre discurso e ação durante sua participação no evento. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o país tem cumprido com seu papel na proteção ambiental, em especial do bioma amazônico, e reforçou o apelo para que países contribuam financeiramente para que o Brasil seja capaz de ampliar ações ambientalistas assumidas no Acordo de Paris.

Bolsonaro também reafirmou que o país atingirá a neutralidade em carbono até 2050, 10 anos antes do anunciado anteriormente, além de acabar com o desmatamento ilegal até o final da década. "Antecipamos em dez anos a sinalização anterior. Será uma tarefa complexa, que precisará de medidas de combate e controle", afirmou.

Para analistas e investidores, a postura, apesar de esperada, não sinaliza avanços para o país, bem como não melhora a credibilidade do Brasil diante de outras nações que cobram por posicionamentos ambientais mais severos. “O que interessa são as ações, e não as promessas”, avaliou o ex-ministro do Meio Ambiente, Rubens Ricupero, em entrevista à EXAME na última quinta-feira.

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