ESG

No Outubro Rosa, uma ONG quer mais filantropia contra o câncer

Instituto Projeto Cura, fundado pela psicóloga brasileira Fernanda Schwyter, quer reproduzir no Brasil a cultura de doação de tempo e de recursos financeiros para o combate ao câncer, algo comum nos EUA

Fernanda Schwyter, fundadora do Instituto Projeto Cura: missão de fortalecer a rede de apoio a pacientes de câncer, uma doença que mata 600 brasileiros em média por dia (Divulgação/Divulgação)

Fernanda Schwyter, fundadora do Instituto Projeto Cura: missão de fortalecer a rede de apoio a pacientes de câncer, uma doença que mata 600 brasileiros em média por dia (Divulgação/Divulgação)

LB

Leo Branco

Publicado em 18 de outubro de 2021 às 16h00.

Última atualização em 18 de outubro de 2021 às 16h42.

Em outubro, um mês dedicado a ações para dar visibilidade aos efeitos do câncer de mama na vida de mulheres mundo afora, uma psicóloga brasileira quer jogar luz a um aspecto ainda pouco explorado nesta discussão por aqui: o acesso de mulheres a tratamentos experimentais com resultados promissores no combate à doença.

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Fernanda Schwyter é fundadora do Instituto Projeto Cura, uma ONG aberta em 2019 em São Paulo após três anos de ela bater na tecla da necessidade de mulheres brasileiras terem acesso à pesquisa de ponta na oncologia.

O propósito do Instituto Projeto Cura é criar uma cultura de filantropia para o financiamento de pesquisas científicas no combate ao câncer. E, de quebra, fortalecer a rede de apoio a pacientes de uma doença que mata 600 brasileiros em média por dia.

O tema apareceu na vida de Fernanda após a mudança dela com a família para Miami, em meados de 2010. Em conversas com brasileiros expatriados, Fernanda conheceu mulheres em tratamento contra câncer em hospitais de ponta dos Estados Unidos.

Lá, Fernanda conheceu ainda duas particularidades do cuidado oncológico nos Estados Unidos. Um deles é o fácil acesso dos pacientes a tratamentos inovadores e prestes a ser liberados pela FDA, a Anvisa americana. Chamados de "trials", esses testes são parte do dia a dia de médicos e pacientes nos Estados Unidos. "Esse assunto não é tabu por lá e ninguém se sente sendo cobaia de algo", diz.

Em outra frente, Fernanda percebeu a força do espírito de voluntariado dos Estados Unidos ao ver mulheres sem qualquer caso de câncer na família doar algumas horas do dia para resolver pendências de gente internada por causa do doença — pagar contas domésticas, informar o estado de saúde a familiares ou colegas de trabalho, e por aí vai.

Em dois anos de Instituto Projeto Cura, Fernanda e uma rede de voluntários espalhados por estados do Sul e Sudeste têm colaborado com instituições referência em oncologia, como o Inca, no Rio de Janeiro, numa tentativa de emular o arranjo comum aos hospitais americanos.

No ano passado, em plena pandemia, campanhas de arrecadação de recursos levantaram 184.000 reais para financiar os 'trials' no Brasil — quase 80% acima do previsto inicialmente. "Conseguimos financiar 1.400 testes, 400 a mais do projetado inicialmente", diz Fernanda.

São números animadores, mas ainda bastante tímidos na comparação com os Estados Unidos, onde a filantropia para causas urgentes como o tratamento de câncer costuma movimentar bilhões de dólares todos os anos.

Numa tentativa de ganhar escala, o Instituto Projeto Cura lançou em 6 de outubro uma campanha de captação coletiva de recursos na plataforma de crowdfunding Benfeitoria. Tendo como estrela a atriz Patricia Pillar, que descobriu um câncer de mama em 2001, a peça publicitária traz argumentos a favor da doação de tempo e recursos em prol do combate à doença.

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