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Eficiência energética: setor marítimo aposta em soluções para reduzir o consumo de combustível.
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 16h00.
Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 11h05.
A atual crise climática torna a transição energética uma necessidade urgente, e a substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas é a principal estratégia adotada para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera. No entanto, alguns setores, como o de transporte marítimo, são considerados difíceis de descarbonizar.
O transporte marítimo contribui com cerca de 3% das emissões globais de gases do efeito estufa, e possui diversas barreiras estruturais e tecnológicas para sua redução. O uso de combustíveis sustentáveis em embarcações é ainda incipiente, com viabilidade econômica e tecnológica limitada, e frequentemente depende de infraestrutura de abastecimento inexistente. A longa vida útil das embarcações também dificulta a renovação da frota com navios movidos a energia limpa. Diante desse cenário, o setor está investindo em soluções para as embarcações existentes.
A principal estratégia de descarbonização de curto prazo é a redução do consumo de combustíveis através de medidas de eficiência energética. A maneira mais simples, chamada de slow steaming, consiste em simplesmente navegar mais lentamente. Essa prática reduz significativamente o arrasto, podendo levar a uma redução de até 30% no consumo de combustível. Contudo, o método tem limitações, como a redução da produtividade da frota e restrições em cargas com prazos apertados. Sua viabilidade econômica depende de um delicado equilíbrio de fatores como o custo de aluguel do navio, preço do combustível e condições climáticas.
Outra alternativa é reduzir a resistência da água no casco por meio de alterações físicas ou por soluções tecnológicas, como a instalação de dispositivos específicos que auxiliem na redução do arrasto. Embora seja uma tecnologia amplamente adotada em projetos modernos, ela também pode ser implementada em embarcações existentes através de retrofit, podendo gerar economias de combustível de até 10%.
A redução do arrasto pode também ser auxiliada por soluções tecnológicas como robôs autônomos capazes de limpar o casco do navio, removendo incrustações biológicas que reduzem a hidrodinâmica da embarcação. De acordo com a Greeensea IQ, provedora dessa tecnologia, o seu uso contínuo pode reduzir o consumo de combustível entre 2,5% e 20%, a depender do grau de incrustação e frequência de limpeza.
Outra inovação é um sistema de lubrificação a ar (ALS) que injeta bolhas de ar sob o casco durante a navegação, diminuindo a superfície de contato direto com a água. Segundo a Mitsubishi Heavy Industries, pioneira no desenvolvimento dessa tecnologia, sua adoção pode reduzir em até 5% no consumo de combustível.
As medidas de eficiência no transporte marítimo são um exemplo de estratégia que reduz emissões enquanto gera retorno financeiro. Estima-se que essas ações possam reduzir em até 16% o consumo de combustível até 2030, equivalente a cerca de 40% da meta de redução estabelecida pela Organização Marítima Internacional (IMO), que é a entidade reguladora do transporte marítimo internacional.
Enquanto a transição para combustíveis alternativos não se consolida, essas medidas serão cruciais para caminhar rumo a um setor marítimo mais sustentável.