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Ana Toni e André Corrêa do Lago, respectivamente CEO e Presidente da COP30, durante coletiva para apresentação da carta da Presidência em março deste ano. (Isabela Castilho/ COP30 Amazônia/Flickr)
Editora ESG
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 16h01.
Última atualização em 1 de agosto de 2025 às 16h23.
Em coletiva para a imprensa na tarde desta sexta-feira, 1°, André Corrêa do Lago e Ana Toni, respectivamente presidente e CEO da COP30, foram categóricos ao descartar qualquer possibilidade de mudança de sede da conferência climática.
"Quero deixar bem claro que a COP vai ser em Belém, o encontro de chefes de Estado vai ser em Belém, e não há nenhum plano B", declarou o diplomata.
A declaração surge como resposta direta às manifestações de um grupo de 25 negociadores que formalmente questionaram a viabilidade de realizar o evento na capital paraense.
O diplomata brasileiro não negou a gravidade do problema de acomodações que assombra a organização do evento.
Segundo suas próprias palavras, em outra conversa com imprensa, na quinta-feira 31, a escalada de preços atingiu patamares sem precedentes, multiplicando-se entre dez a 15 vezes em relação aos valores habituais — muito além da inflação típica de duas a três vezes observada em outras conferências internacionais.
O impasse se concentra na divergência entre as expectativas financeiras das delegações, que buscam acomodações na faixa de US$ 50 a US$ 70, e a realidade do mercado local durante o período do evento.
Ontem, o presidente da COP30 afirmou que há uma força-tarefa coordenada pela Casa Civil com o objetivo de viabilizar opções financeiramente acessíveis para todas as nações participantes.
Neste aspecto, o embaixador destacou que a orientação presidencial é clara: garantir que a conferência mantenha seu caráter universal e democrático.
"O presidente Lula quer que esta seja uma COP muito inclusiva, que é o perfil do Brasil", ressaltou Corrêa do Lago, sinalizando que a inclusão dos países em desenvolvimento permanece como prioridade governamental.
A situação se tornou um teste decisivo para a diplomacia brasileira, especialmente após ameaças concretas de não participação.
Nações como a Polônia já sinalizaram a possibilidade de ausência total, enquanto países europeus como a Holanda estudam reduzir drasticamente suas delegações.
Mais cedo, o governo do Pará respondeu por meio de nota aos questionamentos da EXAME sobre as perspectivas.
O documento destacou que "a Procuradoria-Geral do Estado lembra que a locação de imóveis e as tarifas praticadas pelo setor hoteleiro em Belém são regidas por normas de direito privado, com base na livre negociação entre as partes, sem previsão legal para intervenção direta do Poder Público".
Contudo, explica o texto, "mesmo diante desses limites, o governo do Pará mantém diálogo constante com proprietários, imobiliárias e empreendimentos de hospedagem para reforçar a importância de práticas responsáveis durante a conferência.
Os altos custos têm afastado, também, organizações da sociedade civil e até a imprensa internacional. Com o prazo de 11 de agosto estabelecido pela ONU para apresentação de soluções definitivas, o governo brasileiro corre contra o tempo para provar que pode conciliar suas ambições de sediar o maior fórum climático mundial com a realidade logística de uma cidade amazônica.