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"Não adianta ser sustentável se uma parte do país não é", diz BRF

Para o presidente da empresa de alimentos, a má gestão ambiental prejudica as relações comerciais e dificulta o acesso a capital

Lorival Luz, CEO da BRF: “O Brasil é enorme, mas o investidor enxerga como uma coisa só” (Marcelo Coelho/BRF/Divulgação)

Lorival Luz, CEO da BRF: “O Brasil é enorme, mas o investidor enxerga como uma coisa só” (Marcelo Coelho/BRF/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 16h50.

Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 21h37.

Nas reuniões com investidores, Lorival Luz, presidente da fabricante de alimentos BRF, tem percebido um acréscimo no tempo dedicado ao tema meio ambiente. “Em 1 hora, entre 20 e 25 minutos são gastos com o assunto”, afirma Luz. Mais recentemente, a crise ambiental provocada pela alta do desmatamento na Amazônia e outros biomas brasileiros adicionou uma complicação. “Tivemos de explicar que nossos produtos vêm da granja e não do pasto”, diz o executivo. “O Brasil é enorme, mas o investidor enxerga como uma coisa só.”

A pecuária é apontada como a grande responsável pelo aumento da destruição da floresta. Outros setores do agronegócio, no entanto, acabam sofrendo o mesmo prejuízo de imagem decorrente do desmatamento, especialmente no exterior. “Isso prejudica as relações comerciais e até diplomáticas. Como consequência, o mercado coloca mais restrições e dificulta o acesso a capital”, afirma Luz. “Não adianta só a BRF ser sustentável, se o resto do país não é.”

O que ajuda a evitar maiores problemas com investidores e clientes é ter uma estratégia definida para o E do ESG, no caso, o meio ambiente. “Há muito anos, só compramos soja de fornecedores com compromissos ambientais, como os que assinaram a moratória da soja”, afirma Neil Peixoto, vice-presidente de sustentabilidade da companhia. “Também usamos softwares de inteligência para monitorar nossos fornecedores. Se houver algum problema, a empresa é suspensa.”

Esse sistema ficará mais eficiente em alguns meses, quando a BRF passará a usar dados de satélite para monitorar diretamente as florestas, cruzando dados de desmatamento com o Cadastro Ambiental Rural, por exemplo. “É um processo evolutivo”, afirma Peixoto. 

Movimento pelas florestas

A BRF faz parte de um grupo cada vez maior de grandes companhias brasileiras que estão se posicionando em defesa do meio ambiente. A empresa assinou uma carta, em julho, solicitando ações do governo para conter o desmatamento na Amazônia. O documento foi entregue ao vice-presidente, Hamilton Mourão. Somados, os faturamentos das empresas que participam do movimento superam 40% do PIB brasileiro. 

Considerando apenas as grandes companhias criadas no Brasil, como Votorantim, Natura, Boticário, Klabin, entre outras, chega-se a uma receita total de quase 1 trilhão de reais. Nunca um único tema reuniu tantos gigantes do capitalismo brasileiro. “Foi uma movimentação inédita do setor produtivo”, afirma Marina Grossi, presidente do CEBDS, que participou ativamente das conversas. “As empresas estão incomodadas com o desmatamento.” 

O incômodo se transformou em ação. Além da carta, os CEOs se reuniram com o vice-presidente Mourão, com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e com a ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foram criados dois grupos de trabalho, um com o STF e outro com a Câmara, sob comando do deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP). A demanda principal é pelo fim do desmatamento ilegal na Amazônia, que responde por 95% do total.

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