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Na COP30, Rockefeller anuncia US$ 5,4 mi para agricultura regenerativa no Brasil

Fundação destaca ambiente regulatório favorável e vantagens naturais do país como diferenciais: 'É o melhor país do mundo para se investir', destacou gerente da área à EXAME

Brasil é líder em práticas regenerativas na agricultura e pode movimentar bilhões em restauração florestal (Leandro Fonseca /Exame)

Brasil é líder em práticas regenerativas na agricultura e pode movimentar bilhões em restauração florestal (Leandro Fonseca /Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 13h50.

Belém (PA) - Potência agrícola global, o Brasil se tornou o "melhor país do mundo" para a Rockefeller investir neste ano de COP30.

É o que revela Frederico Bellone, gerente de Agricultura Regenerativa da fundação americana que anunciou nesta quarta-feira, 12, um investimento de US$ 5,4 milhões (R$ 30,8 mi) para fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares por meio de práticas regenerativas

"É uma combinação de ambiente favorável regulatório a uma vantagem comparativa e natural", disse em entrevista à EXAME.

O recurso será destinado a 12 organizações municipais que trabalham com a transição agroecológica e conectam pequenos produtores ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com foco em garantir alimentos saudáveis e de origem local para crianças nas escolas brasileiras. 

O anúncio acontece em meio a repercussão de um estudo divulgado na conferência climática em Belém: o mundo pode ter um prejuízo de US$ 200 bilhões em saúde pela ausência de dietas saudáveis e balanceadas. 

Segundo Frederico, o apoio direto é às prefeituras, visto que são elas as responsáveis por administrar esses recursos no cotidiano das cidades e o público infantil é o mais vulnerável.

"No contexto das mudanças climáticas, o paradigma que devemos procurar na agricultura é a regeneração, com menos desperdício e maior diversidade e produtividade para alimentar mais pessoas por hectare. É a única solução que nos coloca numa trajetória compatível com o Acordo de Paris", afirmou o executivo.

O investimento faz parte de uma aposta maior de US$ 100 milhões da Rockefeller nos próximos cinco anos para programas escolares globalmente, integrando produção sustentável e alimentação saudável para combater a insegurança alimentar. 

Frederico explicou que a abordagem da fundação mudou nos últimos anos para integrar toda a cadeia alimentar. "O que é novo nesta iniciativa é unir tanto a produção como a comida que as crianças vão comer diariamente", comentou.

Para a Rockfeller que tem mais de 100 de atuação, a filantropia é uma catalisadora na implementação de políticas públicas existentes em todo mundo.

"Nós podemos juntar pessoas, financiar exemplos e soluções precoces que talvez ainda não tenham uma viabilidade comercial em escala. Muitas vezes o governo nos procura para dar uma chancela", explicou o executivo.

Atualmente, são sete instituições brasileiras apoiadas com ênfase em sistemas alimentares. Globalmente, mais de US$ 220 milhões já foram investidos na causa.

Tripé de políticas públicas favoráveis

O executivo destacou que o Brasil possui um conjunto único de políticas que criam um ambiente favorável para investimentos em agricultura regenerativa: o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF) e o lançamento do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia durante a conferência climática em Belém.

"É o grande tripé que faz com que alimentação escolar brasileira possa se tornar justa, porque dá acesso ao mercado a pequenos produtores, é ecológica e viável economicamente", destacou Frederico.

O PRONAF disponibiliza anualmente cerca de R$ 78 bilhões em crédito subsidiado.

"São pouquíssimos os países que podem contar regularmente com 12 bilhões de dólares por ano em microcrédito, dando empréstimos entre 0,5 e 6% num país onde a Selic é 15%", comparou.

Já o PNAE prevê que 30% da alimentação escolar venha da agricultura familiar, percentual que subirá para 45% a partir de janeiro de 2026. "Inclusive, o governo atribuiu 300 milhões de dólares anuais no orçamento para isso. É um grande sinal para o agricultor familiar que dá uma segurança, garantia de produção", afirmou.

Para Frederico, o contexto regulatório brasileiro coloca o país em posição de "destaque internacional" e "causa inveja", servindo também como exemplo especialmente para nações em desenvolvimento.

O executivo lembrou que o Brasil liderou no G20 o lançamento da Aliança Global Contra a Fome, que tem a alimentação escolar como um dos mecanismos de implementação.

Investimento em municípios pioneiros

Os US$ 5,4 milhões serão destinados a organizações que trabalham diretamente com municípios brasileiros na transição agroecológica.

Entre os beneficiados estão o Instituto Comida do Amanhã, que apoiará 11 municípios no programa "PNAE Agroecológico"; o Instituto Clima e Sociedade (ICS), que ampliará o acesso de pequenos agricultores ao PRONAF; e o Centro de Desenvolvimento da Agroecologia do Cerrado (CEDAC), que implementará o piloto "Brasil Mais Agroecológico" em seis cidades de Minas Gerais.

Também receberão recursos o Instituto Arapyaú, para expansão do Programa Kawá na Bahia e no Pará; o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), para promover métricas de agricultura regenerativa em corporações globais; além de Digital Green, TIFS, Global Alliance for the Future of Food, GDI Solutions, Projeto Amana, Fundação Ambition Loop e o Centro de Apoio à Faculdade de Saúde Pública (Ceap).

Na segunda semana de COP30, a fundação planeja anunciar novos estudos desenvolvidos em parceria com a Universidade de Stanford sobre os impactos das mudanças climáticas na alimentação escolar, quantificando a redução de refeições que poderá ocorrer até 2030 se não houver mudanças nos sistemas de produção agrícola.

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