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Mulheres trabalham mais do que os homens, mas se apropriam menos da renda no Brasil, diz estudo

Estudo inédito do W.Lab, uma parceria dos institutos Locomotiva e IDEIA, apresenta dados para destrinchar a realidade e os desafios das mulheres brasileiras

 (Hinterhaus Productions/Getty Images)

(Hinterhaus Productions/Getty Images)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 9 de outubro de 2023 às 16h37.

Apesar de serem responsáveis por 52% das horas trabalhadas, considerando a soma do tempo dedicado a atividades domésticas e ao mercado de trabalho, as mulheres se apropriam de apenas 37% da renda gerada no Brasil, é o mostra estudo inédito do W.Lab, uma parceria dos institutos Locomotiva e IDEIA.

Além da desigualdade na divisão de tarefas e na remuneração, o ambiente de trabalho ainda pode se tornar um local inseguro para as mulheres, já que 92% dos brasileiros acham que as profissionais sofrem mais situações de constrangimento e assédio que os homens.

Assim, de acordo com a publicação, as iniciativas públicas, como a Lei da Igualdade Salarial (PL 1085/2023), sancionada em julho, se mostram fundamentais diante do cenário de sobrecarga e desigualdade de gênero, uma vez  que 68% das mulheres afirmam que falta tempo no seu dia para fazer outras atividades. E, apesar do cenário, a maioria concorda que o trabalho proporciona autonomia e tem um papel central -- 89% das participantes concordam que “toda mulher deve ser independente financeiramente”.

“Os números mostram uma contradição muito representativa das desigualdades de gênero no país, que se acentuam ainda quando consideramos os recortes de classe. Nas classes D e E, por exemplo, 57% dos lares são chefiados por mulheres. Mesmo sendo as responsáveis financeiras da casa, elas seguem acumulando a maior parte do trabalho doméstico, fruto de uma cultura que precisa ser debatida com urgência”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

O estudo ainda identificou que a porcentagem de mulheres chefes de família saltou de 20%, em 1995, para 50%, em 2022. Nas classes A e B esse percentual é menor e fica em 43%, já na classe C o percentual é de 51%. Oito em cada dez respondentes que participaram do estudo consideram muito bom (62%) e bom (20%) que as mulheres sejam chefes de família. Dentro deste contexto, as mulheres negras ainda ocupam proporcionalmente menos vagas de trabalho com carteira assinada do que homens e recebem 54% menos que homens brancos mesmo possuindo o mesmo nível de escolaridade.

“A crescente participação feminina no mercado de trabalho coloca as mulheres em condições de assumir as finanças da casa, o que é positivo. No entanto, é preciso vencer as desigualdades salariais por gênero e a dupla jornada que castiga só um lado do casal. Importante lembrar também que grande parte delas assume esse papel simplesmente por serem deixadas sozinhas com os filhos, fenômeno mais comum nas classes mais baixas”, diz Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa IDEIA.

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