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Mudanças climáticas vão exigir US$ 6,9 trilhões em infraestrutura sustentável

Países em desenvolvimento, os menos desenvolvidos e as pequenas nações insulares estão mais expostos a catástrofes climáticas; risco é entre 10 e 30 vezes maior do que entre membros da OCDE

Catástrofes: chuvas no Litoral Norte de SP mataram 65 pessoas em 2023 (Agência Brasil)

Catástrofes: chuvas no Litoral Norte de SP mataram 65 pessoas em 2023 (Agência Brasil)

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 9 de abril de 2024 às 17h40.

Os fluxos financeiros para infraestruturas resistentes às alterações climáticas são insuficientes para enfrentar os impactos crescentes, aponta relatório divulgado nesta terça-feira, 9, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Com um cenário cada vez mais crítico, a conta vai ser alta se o planeta quiser cumprir os objetivos climáticos e de desenvolvimento até 2030. Segundo a OCDE, será necessário um investimento anual de US$ 6,9 trilhões em infraestruturas sustentáveis a nível mundial.

"Investir em sistemas de infraestruturas resistentes às alterações climáticas é rentável, pode salvar vidas e apoiar o crescimento económico contínuo, reduzindo a vulnerabilidade aos choques climáticos atuais e futuros", aponta o organismo internacional.

Ainda de acordo com o relatório, os governos regionais e locais estão na chamada 'linha da frente' da construção da resiliência climática. Os governos subnacionais foram responsáveis por 69% do investimento público significativo para o clima nos países da OCDE e da UE em 2019. No entanto, adverte o organismo, será preciso adotar novas abordagens de financiamento e mobilizar melhor o financiamento climático.

Mais expostos

O documento frisa que os países em desenvolvimento estão significativamente mais expostos a catástrofes relacionadas com o clima, especialmente os países menos desenvolvidos (PMA) e os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID), entre 10 e 30 vezes mais do que os países da OCDE. Enfrentam uma importante escassez de recursos e custos de financiamento mais elevados, o que prejudica a sua capacidade de construir infraestruturas de qualidade. Para enfrentar os seus desafios, o relatório mostra a necessidade de novas formas de parcerias internacionais e de uma maior mobilização de recursos por parte dos bancos de desenvolvimento.

O tipo certo de investimento em infraestruturas pode ajudar a melhorar a qualidade do crescimento, apoiando a ação climática, protegendo simultaneamente a biodiversidade e reduzindo a poluição e aumentando a resiliência aos riscos das alterações climáticas, declarou o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, em nota.

“Mas os investimentos necessários são significativos. Desbloquear os investimentos privados na resiliência climática exigirá o planeamento de projetos a longo prazo, a redução das barreiras regulamentares, mecanismos eficazes de partilha de riscos e, quando necessário, a utilização direcionada e estratégica do apoio público para atrair financiamento privado – especialmente quando o calendário para os retornos do investimento em resiliência pode constituem uma barreira à participação do setor privado”, disse Cormann.

Num momento tão preocupante, a OCDE alerta que, além das necessidades de recursos financeiros, o relatório também aponta para a eficácia das soluções baseadas na natureza no fornecimento de medidas rentáveis para proteger bens e serviços de infraestruturas. Por exemplo, utilizando manguezais ou recifes de coral para reduzir os riscos de inundações costeiras ou tempestades.

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