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Mudanças climáticas têm relação direta com furacões, diz Roberto Waack

Em entrevista à EXAME, o Presidente do Conselho do Instituto Arapyau destacou ser um fato comprovado pela ciência que eventos climáticos extremos (como o furacão Milton nos EUA) irão acontecer cada vez mais devido ao aquecimento do oceano

Imagem de satélite do furacão Milton (Noaa/AFP)

Imagem de satélite do furacão Milton (Noaa/AFP)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 06h00.

Com potencial devastador, o Furacão Milton cruzou a Flórida e deixou um cenário de destruição: inundações, pelo menos 5 milhões de pessoas fora de suas casas, milhões sem energia elétrica e cinco mortes registradas até então.

Quando se formou no início de outubro, o que mais chamou a atenção de especialistas e meteorologistas foi o fato de Milton alcançar muito rapidamente o nível 5 na Escala Saffir-Simpson – que caracteriza o fenômeno como extremo, divulgou a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA).

Na quarta-feira (10), às 20h30 locais, ao tocar o solo da Flórida, na costa oeste, o furacão perdeu um pouco de força e caiu para a categoria 3 – com ventos de até 205 km/h.

Isso tornou Milton um dos furacões mais poderosos já registrados no Golfo do México e um reflexo da crise climática. Em entrevista à EXAME, Roberto Waack, Presidente do Conselho do Instituto Arapyau e membro do Conselho da Matfrig, destacou que a ciência deixa clara a relação direta deste evento com as mudanças climáticas.

De acordo com o especialista, existem pelo menos três sinais. O primeiro é o aumento da frequência, o segundo é a intensidade, e o terceiro é a velocidade de deslocamento. "Quanto mais lento, mais grave, porque o fenômeno fica um tempo maior sobre uma determinada área. Isso está diretamente relacionado ao aumento da temperatura do oceano, principalmente da superfície, onde os furacões se formam", explica.

Ao mesmo tempo que eventos climáticos extremos devem acontecer cada vez mais, Roberto destaca uma dificuldade de previsibilidade, visto que é uma situação nova e diferente no curto prazo. "A ocorrência já está crescendo, nós estamos vivendo isso. Mas os modelos climáticos ainda estão sendo ajustados. A ciência está no limite do conhecimento para conseguir defini-los", disse.

Por outro lado, uma vez detectado o fenômeno, existe uma boa capacidade de previsão de como ele vai se deslocar, e os modelos foram bastante assertivos neste caso nos EUA, reiterou ele.

O Golfo do México é uma área particularmente suscetível à formação de furacões intensos, por uma combinação de fatores, como formações geográficas e também pela alta temperatura de suas águas. Embora não existam situações como esta no Brasil, já estão sendo percebidos eventos semelhantes no litoral de Santa Catarina e o país é vulnerável pela sua extensão de costa, destacou Roberto.

Ainda segundo ele, o Furacão Milton também evidenciou a vulnerabilidade de países do entorno do Golfo do México, como México e Cuba. "Estes também são afetados, mas recebem muito menos cobertura da mídia em comparação aos Estados Unidos. Isso revela um desequilíbrio absurdo na discussão sobre justiça climática. Não há a mesma atenção e suporte, e as mortes e destruições são muito mais severas".

A necessidade de mitigar e adaptar

Para combater o problema, o especialista destaca a necessidade de ações urgentes de mitigação e adaptação. Mitigar seria essencial para evitar que o aquecimento global atinja a velocidade e a intensidade que está alcançando, com a redução das emissões de gases estufa.

"A expectativa inicial era de não chegar ao aumento de 1,5°C [do Acordo de Paris], mas já é um consenso na comunidade científica de que iremos ultrapassar este limite desejável. Agora, o foco deve ser em reverter a situação, o que pode levar 30 ou 40 anos – é um grande desafio".

Se chegarmos ao patamar de aumento de 2°C, 2,5°C ou até 3°C de temperatura, há um aumento exponencial de eventos climáticos extremos. "No campo da mitigação, a solução é reduzir as emissões diretamente e implementar medidas de remoção de carbono da atmosfera. A restauração florestal é hoje o mecanismo mais eficiente, barato e pronto para ser utilizado. Não há nenhum método melhor do que o plantio", complementou Roberto.

Vale lembrar que o setor de energia é a principal fonte de emissões de carbono globais, mas no Brasil o cenário é diferente e a matriz já é quase 90% renovável. Por outro lado, cerca de 1/4 se origina do desmatamento e uso da terra – onde o país se coloca como peça-chave na descarbonização.

A outra frente seria a adaptação às novas realidades do clima. "O que empresas, cidades e países podem fazer para se proteger desses fenômenos? Isso inclui realocação de unidades produtivas agrícolas. No caso de furacões, pode envolver desde migração de pessoas, até a construção de estruturas mais resilientes", exemplificou Roberto.

Em ambas as frentes urgentes, a floresta tem um papel crucial e é uma tecnologia natural extremamente eficiente. "Na mitigação, retirando carbono da atmosfera, enquanto na adaptação, aumentando a resiliência em situações extremas", destacou.

Nos EUA, o negacionismo climático chegou muito forte, especialmente com figuras como Donald Trump, disse Roberto. Por outro lado, Biden teria implementado um dos maiores programas climáticos do mundo, mas "cujo impacto econômico ainda é pouco discutido". O chamado Inflation Reduction Act (IRA), aprovado em agosto de 2022, destina cerca de US$ 369 bilhões em incentivos fiscais e investimentos para promover a energia limpa, reduzir as emissões e apoiar a transição para uma economia de baixo carbono.

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