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Influência direta das mudanças climáticas atingiu 26 dos 29 eventos meteorológicos analisados (Patrícia DE MELO MOREIRA/AFP)
Repórter de ESG
Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 09h46.
O impacto das mudanças climáticas atingiu níveis sem precedentes em 2024, com uma média global de 41 dias adicionais de calor em níveis perigosos à saúde ao longo do ano. A conclusão é de um relatório conjunto da World Weather Attribution e Climate Central, que analisou eventos climáticos extremos e seus efeitos em diferentes regiões do planeta.
O estudo identificou a influência direta das mudanças climáticas em 26 dos 29 eventos meteorológicos analisados, que resultaram em pelo menos 3.700 mortes e forçaram o deslocamento de milhões de pessoas. Outra informação descoberta é que as mudanças climáticas tiveram maior influência que o El Niño em diversos eventos extremos.
"Os impactos do aquecimento por combustíveis fósseis nunca foram tão claros ou devastadores quanto em 2024. Estamos vivendo em uma nova era perigosa", alerta Friederike Otto, líder da WWA e professora de Ciências Climáticas do Imperial College London.
O ano de 2024 deve entrar para a história como o mais quente já registrado. Os primeiros seis meses apresentaram temperaturas recordes, estendendo uma sequência iniciada em 2023 para 13 meses consecutivos. O dia mais quente da história foi registrado em 22 de julho.
"Quase em todos os lugares da Terra, as temperaturas diárias suficientemente altas para ameaçar a saúde humana se tornaram mais comuns devido às mudanças climáticas", explica Joseph Giguere, pesquisador da Climate Central.
O continente africano foi especialmente afetado. Enchentes no Sudão, Nigéria, Níger, Camarões e Chade foram os eventos mais letais estudados pelo grupo, com pelo menos 2.000 mortes e milhões de deslocados.
"A África continua a arcar com o peso das mudanças climáticas. O continente contribuiu com as menores emissões, mas está experimentando os piores impactos do clima extremo", destaca Joyce Kimutai, pesquisadora do Imperial College London.
A seca na Amazônia em 2024 tornou-se 30 vezes mais provável devido às mudanças climáticas. "Secas severas na bacia amazônica estão se tornando mais frequentes e graves", alerta Regina Rodrigues, professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo ela, existe o temor de que esses eventos possam empurrar a floresta irreversivelmente para um estado mais seco.
O relatório estabelece quatro prioridades para 2025: acelerar a transição dos combustíveis fósseis para fontes limpas, melhorar os sistemas de alerta precoce, implementar relatórios em tempo real sobre mortes por calor e garantir financiamento internacional para ajudar países em desenvolvimento a se tornarem mais resilientes.
"Sabemos exatamente o que precisamos fazer para impedir que as coisas piorem: parar de queimar combustíveis fósseis. A principal resolução para 2025 deve ser a transição dos combustíveis fósseis, o que tornará o mundo um lugar mais seguro e estável", conclui Otto.