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A Mombak já captou mais de US$ 200 milhões de investimento para escalar o plantio de mudas nativas (Raimundo Paccó/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 7 de abril de 2025 às 15h06.
Última atualização em 8 de abril de 2025 às 17h49.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a primeira operação do Novo Fundo Clima e a beneficiada será a startup Mombak, com acesso a um financiamento de R$ 100 milhões.
A empresa especializada em créditos de carbono a partir do reflorestamento aposta no maior projeto do mundo para remover carbono e nasceu fruto do sonho de Peter Fernandez e Gabriel Silva, ex-99 e ex-Nubank, em criar uma nova indústria voltada a solucionar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.
Até então, já foram captados US$ 200 milhões de investimento visando escalar o plantio de mudas nativas e recuperar uma área degradada de milhares de hectares na Amazônia.
Com o novo aporte público, a ideia é expandir ações de restauração de áreas degradadas no Pará, com foco na recuperação da biodiversidade e captura de carbono em larga escala. Do montante, R$ 80 milhões vêm do Fundo Clima e R$ 20 milhões da linha BNDES Finem, viabilizados por fiança bancária do Santander.
Segundo o BNDES, a abordagem da Mombak será voltada para parcerias com proprietários locais, promovendo a recuperação ambiental e o desenvolvimento econômico regional.
O projeto também irá impulsionar a geração de empregos e a cadeia produtiva do reflorestamento, em um ano em que o Brasil se prepara para receber a Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) pela primeira vez.
O CEO e cofundador da Mombak, Peter Fernandez, destacou que o financiamento é um marco para a indústria de remoção de carbono no Brasil e que "reflorestar é um negócio escalável e com forte demanda no mercado global".
A prática tem o potencial de capturar de 2 a 3 bilhões de toneladas de CO2 por ano da atmosfera. Entre seus investidores, estão AXA, CPP (Canada Pension Plan Investment Partners), Bain Capital Partnership Strategies e Fundação Rockefeller, além de contratos bilionários com gigantes da tecnologia como Google e Microsoft.
"Já conseguimos provar que existe o mercado: atraindo investidores, clientes e executando os projetos verdes", disse em entrevista à EXAME Gabriel Silva, também fundador da Mombak.
Criado em 2009 e reformulado em 2023 pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Fundo Clima é um dos principais instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima e tem como objetivo apoiar projetos que visem mitigar as mudanças climáticas.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse em nota que a operação de reflorestamento é um símbolo da atuação do governo federal em prol da preservação ambiental e do desenvolvimento sustentável.
“Estamos reconstruindo florestas, mantendo a biodiversidade, gerando empregos e renda para população e ajudando o planeta”, escreveu.
Para Leonardo Fleck, head sênior de Sustentabilidade do Santander Brasil e co-lead de natureza e biodiversidade do Grupo Santander, há um enorme potencial das soluções baseadas na natureza no país, mas é nececessário investir em soluções inovadoras para que possam decolar.
“Trabalhamos desde o lançamento da linha para restauração do BNDES na busca de soluções que se alinhem com o modelo de negócios dos clientes e os requisitos de mitigação de riscos financeiros. Ficamos felizes em contribuir com o primeiro desembolso", destacou.
Pedro Plastino, executivo de negócios climáticos, disse à EXAME que a Mombak tem sido uma grande impulsionadora da aproximação entre o mercado financeiro e o de créditos de carbono. "A integração se torna ainda mais evidente com instrumentos como fianças bancárias, como no caso do BNDES viabilizando um empréstimo do Santander. Isso mostra que o sistema financeiro está se estruturando de forma robusta para apoiar a agenda climática", destacou.
Ainda segundo o executivo, o Brasil tem potencial para liderar esse movimento, desde que essas estruturas avancem também sobre projetos de conservação, agricultura regenerativa e pecuária de baixo carbono.
Além do Novo Fundo Clima, o BNDES e o MMA atuam em parceria no 'projeto Arco da Restauração', que visa recuperar 24 milhões de hectares de florestas desmatadas na Amazônia até 2050.
Já o programa Restaura Amazônia, lançado em dezembro de 2024, é um dos pilares desse esforço, com R$ 450 milhões de recursos do Fundo Amazônia e apoio de instituições como a Petrobras.
O acesso a estes fundos é considerado um avanço para conectar capital privado e projetos ambientais de grande porte no Brasil, em um contexto geopolítico desafiador e de emergência climática no mundo.