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Segundo Lewis Perkins, presidente da AII, a indústria da moda investe pouco em processos inovadores e sustentáveis (Glasshouse Images/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 25 de julho de 2025 às 13h34.
Poucos minutos dentro de grandes lojas de fast fashion são suficientes para perceber uma tendência que tem incomodado parte dos consumidores: um tecido à base de petróleo hoje é a matéria-prima de cerca de 6 em cada 10 vestimentas produzidas no mundo.
O poliéster, amplamente utilizado pela indústria da moda por ser até 30% mais barato que o algodão, é uma fibra sintética. Sua produção consome uma grande quantidade de recursos naturais e é responsável por emissões significativas de gases poluentes, como o CO2, que contribuem para o efeito estufa e o aquecimento global. Por esses motivos, o poliéster tem sido apontado como um dos principais vilões ambientais na indústria da moda.
Em um relatório do Apparel Impact Institute (AII), que acompanha o impacto ambiental de diferentes materiais e processos na indústria da moda, as emissões relacionadas à produção de roupas aumentaram 7,5% em 2023, totalizando 944 milhões de toneladas métricas.
Este aumento está intimamente ligado ao uso crescente de poliéster virgem, que, além de aumentar as emissões de gases de efeito estufa, contribui para a crescente pressão sobre os recursos naturais e o meio ambiente. Embora a reciclagem do poliéster seja uma alternativa possível, ela se torna cada vez mais complexa devido à deterioração das fibras e à constante necessidade de adicionar poliéster virgem.
Segundo Lewis Perkins, presidente da AII, a indústria investe pouco em processos inovadores e sustentáveis, principalmente quando esses processos são mais caros do que a obtenção de novas matérias-primas.
A falta de incentivo para mudanças significativas nos processos de produção leva a um ciclo contínuo de utilização de materiais não sustentáveis, como o poliéster, o que torna o setor ainda mais dependente de práticas prejudiciais ao meio ambiente.
Em relação ao impacto sobre a saúde humana, além da exposição a produtos químicos durante o processo de tingimento e manufatura, a utilização de poliéster também está associada ao acúmulo de microplásticos nos ecossistemas marinhos e na cadeia alimentar, criando um círculo vicioso de contaminação difícil de reverter, contaminando a cadeia alimentar e o meio ambiente.
Dia da Sobrecarga da Terra: humanidade entra em "cheque especial" com o planeta em apenas sete mesesO poliéster não é biodegradável, o que significa que, ao ser descartado, contribui para o acúmulo de resíduos têxteis que podem levar anos para se decompor no meio ambiente.
Outro ponto crítico é o processo de tingimento do poliéster, que é altamente poluente. Os produtos químicos utilizados durante a coloração do tecido são frequentemente tóxicos e podem ser inalados pelos trabalhadores da indústria, além de contaminarem os recursos hídricos e o solo.
Embora a reciclagem do poliéster seja possível, ela apresenta sérias dificuldades. O processo é complexo e, muitas vezes, as fibras recicladas não mantêm a qualidade da fibra original, exigindo a adição de poliéster virgem para melhorar a durabilidade do produto. Isso faz com que a reutilização de poliéster seja limitada e, em muitos casos, se torne um processo insustentável a longo prazo.