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Na COP30, Padilha cobra financiamento: '10% a mais salvaria 2 milhões de vidas'

Ministro da Saúde explicou à EXAME o Plano de Ação em Saúde em Belém, lançado com US$ 300 milhões de doações iniciais

Alexandre Padilha, ministro da saúde do Brasil: "A saúde é a face mais dolorosa dos impactos das mudanças climáticas" (Eduardo Frazão/Exame)

Alexandre Padilha, ministro da saúde do Brasil: "A saúde é a face mais dolorosa dos impactos das mudanças climáticas" (Eduardo Frazão/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 14h00.

Última atualização em 14 de novembro de 2025 às 15h09.

Belém (PA) - "Não queremos mais ouvir que não há dinheiro ou que não é o momento. Estamos gastando mais de 1 trilhão de dólares subsidiando combustíveis fósseis. A cada dólar investido em saúde, salvamos vidas", destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nesta sexta-feira, 14, em coletiva de imprensa durante a COP30 em Belém.

A declaração resume a urgência do debate sobre financiamento voltado a sistemas de saúde mais resilientes frente às mudanças climáticas e acontece um dia após o lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém com apoio de 80 países e doação inicial de US$ 300 milhões por instituições filantrópicas.

O plano foi considerado histórico por conectar saúde aos impactos do clima e trazer a pauta pela primeira vez ao espaço oficial das COPs.

"A crise climática é antes de tudo uma crise de saúde pública. Belém simboliza um novo paradigma: cuidar da saúde é, também, cuidar do planeta", declarou. O ministro também frisou o anúncio é uma "resposta contundente ao negacionismo climático".

Padilha destacou que hoje apenas 6% dos recursos globais destinados à adaptação vão para os sistemas de saúde e defendeu que o percentual suba para 10%: "o aumento salvaria 2 milhões de vidas', frisou.

Os recursos iniciais terão foco em soluções para calor extremo, poluição do ar e doenças infecciosas sensíveis ao clima.

Em entrevista à EXAME, Padilha detalhou que o plano terá como foco as populações mais vulneráveis na Amazônia, sertão nordestino que sofre com a seca, Cerrado pelas queimadas e o sul do país devido as enchentes recorrentes.

"Os recursos devem ser direcionados prioritariamente para quem mais sofre", disse. O documento chama a atenção para a injustiça climática, ressaltando que as mulheres e negros estão entre os grupos mais afetados.

O ministro também garantiu que o Brasil está investindo R$ 4,6 bilhões para que "nenhuma nova unidade de saúde financiada nasça sem resiliência às mudanças climáticas" e que estão reconstruindo cinco unidades destruídas em Rio Bonito após tornado no Paraná, além de já ter destinado mais de R$ 1,4 bilhão na reconstrução no Rio Grande do Sul após as enchentes históricas. 

Como exemplo de inovação e adaptação, o ministro também anunciou o início de um novo modelo de atendimento à saúde em parceria com o SESI, chamado Saúde Conectada: um barco de atendimento que viajará pela região ribeirinha amazônica oferecendo conexão de telemedicina com médicos especializados do centro do país.

A embarcação é 100% movida a energia limpa e solar, tem conectividade total e permite coleta de exames a nível local.

Por que o financiamento é urgente

Nesta sexta-feira, 14, a coletiva foi acompanhada da divulgação de dois relatórios científicos: um com foco em uma análise de sistemas de saúde de 68 países, com ênfase na adaptação, e outro com ênfase em comunidades mais vulneráveis.

Um dos dados alarmantes revelou que 12 hospitais no mundo têm risco de paralisação de suas atividades devido aos impactos climáticos. Além disso, 3,6 bilhões de pessoas — mais de 60% da população global — estão em risco na área de saúde pelos impactos severos da crise do clima. 

Os destaques corroboram com o alerta recente do relatório da revista The Lancet: a inação custa milhões de vidas todos os anos com impactos em escala na saúde e na economia. 

As mortes relacionadas ao calor extremo duplicaram na América Latina desde os anos 1990, saltando de 6.400 para 13 mil óbitos anuais -- uma alta de de 103%. No Brasil, essas mortes custam US$ 5,1 bilhões por ano, refletindo um aumento de 249% em relação à década anterior.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a crise climática poderá causar até 250 mil mortes adicionais por ano entre 2030 e 2050, sendo os principais fatores o estresse térmico, a malária, a diarreia e a desnutrição.

Como o investimento será usado

O Plano de Ação Belém propõe medidas práticas para que os países fortaleçam seus sistemas de saúde. A operação será coordenada em colaboração com a Aliança para Ação Transformadora em Clima e Saúde (ATACH), sob supervisão da OMS.

Os recursos se concentrarão em três pilares fundamentais:

Vigilância e monitoramento: Fortalecer sistemas de saúde para responder de forma eficaz a ameaças relacionadas ao clima, como surtos de doenças e calor extremo;

Implementação de soluções: Adotar políticas baseadas em evidências e capacitação profissional;

Investimento em inovação: Pesquisa, tecnologia e infraestrutura para apoiar as populações mais vulneráveis;

O investimento, proveniente da Coalizão de Financiadores de Clima e Saúde, reúne mais de 35 organizações internacionais, incluindo Bloomberg Philanthropies, Gates Foundation, IKEA Foundation, The Rockefeller Foundation e Wellcome Trust.

Os relatórios, junto com o Plano de Ação Belém, constituem "um verdadeiro manual para que todos os países adaptem seus sistemas de saúde e salvem vidas", conclui Padilha.

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