Baterias de lítio: a Sigma produz um dos componentes mais importantes das baterias com menor pegada de carbono (Jason Alden/Bloomberg)
Rodrigo Caetano
Publicado em 23 de junho de 2022 às 20h37.
Sediada no Canadá, a Sigma Lithium é uma mineradora ESG — sim, é possível unir as duas coisas. A empresa nasceu com a missão de promover a eletrificação dos transportes. Para isso, está construindo, em Minas Gerais, uma operação de mineração de lítio de rocha dura, componente essencial das baterias utilizadas nos veículos elétricos. Batizado de Grota do Cirilo, o projeto promete gerar 500 empregos diretos e 6.000 indiretos na região, além de 888 milhões de reais em royalties pelos próximos 15 anos.
A parte ESG está nas características da mina. Toda a operação utiliza energia renovável de fonte hídrica localizada a menos de 50 quilômetros do empreendimento. A água utilizada no processo será toda reciclada, sendo 90% de reaproveitamento e 10% perdidos por evaporação. Na área social, a Sigma fez parceria com o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais para oferecer um curso de quatro semestres na área de mineração. O objetivo é capacitar colaboradores locais para trabalhar no projeto.
O mais importante, no entanto, é a meta de atingir o net zero já em 2023. Segundo Ana Cabral-Gardner, co-CEO da companhia, isso representa uma quebra de paradigma na indústria de veículos elétricos. “Esse consumidor demanda neutralidade em carbono”, disse Cabral-Gardner em discurso. “É contraintuitivo comprar um carro para descarbonizar o meio ambiente, se você está queimando carvão para produzir lítio.”
Essa é, de fato, uma grande dor da indústria automotiva. Há dúvidas sobre a verdadeira pegada ambiental dos carros a bateria em virtude das emissões na mineração, e por causa das condições de trabalho em minas de lítio e níquel. Na Sigma, o papo é outro. A companhia já emprega 300 pessoas, sendo 72% da força de origem local. Ela até lançou o programa Volta ao Lar, que traz de volta ao Vale do Jequitinhonha profissionais que migraram por falta