Unidade industrial da Randon: A empresa quer reduzir em 40% sua emissão de gases de efeito estufa até 2030 e também quer zerar a disposição de resíduos em aterros até 2025 (Germano Lüders/Exame)
Semana passada, a Randon Participações anunciou suas ambições ESG. Durante o evento, que contou com a presença do presidente do conselho de administração e dos membros do comitê executivo, a empresa anunciou seus cinco pilares de sustentabilidade, e divulgou metas que reforçam esses pilares e vão em linha com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU. Além de metas ambientais, em seu evento a Randon anunciou metas de diversidade e inovação que, na nossa opinião, são essenciais em uma indústria que está passando por uma grande transformação.
Avançando na agenda ESG: qual a importância disso para o investidor?
As empresas podem evoluir no quesito sustentabilidade: algumas começam apenas obedecendo às leis e regulações, mas podem avançar até que a sustentabilidade esteja totalmente integrada à estratégia. As empresas que integram a sustentabilidade em sua estratégia têm um propósito claro e entendem seu amplo papel na sociedade. Tais empresas têm como base três pilares: horizonte de longo prazo, sólido relacionamento com stakeholders e boas práticas de governança corporativa.
Várias vezes os investidores escutam a expressão “empresa boa é cara”. Na verdade, essa frase quer dizer que empresas consideradas “boas” pelo mercado negociam com múltiplos (ex.: P/E, EV/Ebitda) altos. Mas o que é uma empresa “boa”? Uma empresa com retorno alto, geração consistente de caixa, que trata bem seus clientes, que investe em inovação e que tem altos padrões de governança corporativa. As companhias que integram a sustentabilidade à sua estratégia estão no seleto grupo de empresas “boas”.
Ao investir em uma organização que tem espaço para melhorar suas práticas ESG e ao ajudar a empresa a avançar nessa escala, um investidor pode conseguir delta relevante financeiro (pois essa empresa pode passar a negociar com múltiplos mais altos) e de impacto (pois essa empresa pode começar a ter atitudes socioambientais positivas para a sociedade).
A agenda ESG da Randon
A Randon foi historicamente uma empresa com valores e cultura forte, preocupada com a sociedade na qual está inserida. Mas isso não significa que a empresa tinha uma agenda ESG organizada, envolvendo os três pontos. Mostraremos a seguir os cinco pilares de sustentabilidade da Randon e os compromissos assumidos pela empresa em algumas frentes ESG.
Condução ética e responsável
Esse pilar engloba a prestação de contas aos stakeholders e transparência nas informações. A boa governança e o envolvimento do conselho de administração no plano de sustentabilidade fazem com que as práticas ESG estejam conectadas a objetivos estratégicos da companhia
A Randon tem duas classes de ações (ON e PN), o que, para muitos investidores, pode ser visto como negativo. No entanto, como já dissemos anteriormente, alguns escândalos de governança acontecem em empresas listadas no Novo Mercado, que possuem apenas ações ordinárias. Desse modo, não necessariamente ter uma classe de ação é sinônimo de boa governança, assim como possuir duas classes de ações não necessariamente significa falta de governança.
Compromisso com o meio ambiente
Nesse pilar, a Randon se impôs compromissos e metas para os próximos anos. A empresa quer reduzir em 40% sua emissão de gases de efeito estufa até 2030 — acreditamos que, antes de compensar suas emissões, as empresas terão de reduzi-las, e a Randon está indo por esse caminho. A empresa também quer zerar a disposição de resíduos em aterros até 2025, e zerar o lançamento de efluentes — a Randon já trata todos os efluentes, mas agora vai buscar reaproveitar 100%.
Além disso, a empresa busca reduzir o consumo de óleo diesel, gás natural e GLP, e está estudando o uso de energia fotovoltaica. A Randon também quer aumentar a logística reversa e adotar processos e produtos que possibilitem a economia circular.
Excelência e segurança como um valor
Nesse pilar, a empresa se colocou a meta de zerar acidentes graves no processo produtivo (atualmente em 0,058%), além de garantir a segurança da informação e privacidade de dados.
Inovação sustentável
Com a indústria de transporte e logística passando por tantas inovações, esse tem de ser um pilar importante para a empresa e, como escrevemos no passado, acreditamos que ESG e inovação andam juntos.
Nesse pilar, a Randon se impôs o compromisso de aumentar a receita liquida anual gerada por novos produtos. E, para fazer isso, a companhia está investindo em várias frentes. Ao investir e acelerar startups, a companhia busca estar próxima de tecnologias disruptivas e novas tendências em transporte/logística. A empresa também quer inovar seus produtos, processos e serviços e, atualmente, tem 23 projetos em mobilidade/eletrificação, eletrônica embarcada e smart materials. Com produtos mais eco friendly, a Randon busca não apenas reduzir o impacto ambiental das atividades de seus clientes, mas também aumentar a produtividade e segurança, além de reduzir custos.
Prosperidade para todos
Dentro da frente diversidade e inclusão, a empresa tem como meta duplicar (dos atuais 11%) o percentual de mulheres em cargos de liderança até 2025. Apesar de ter iniciado o projeto com foco em diversidade de gênero, a empresa quer aumentar a inclusão de vários grupos sub-representados.
A Randon entende que também é responsável por fomentar a sustentabilidade em sua cadeia de fornecedores. Mais do que manter seus processos de due diligence e auditorias, a empresa também vai começar a dialogar com seus fornecedores sobre sustentabilidade, além de premiar os fornecedores que adotarem as melhores práticas.
Com relação à comunidade, a Randon tem programas de educação infantil, onde fornece educação do contraturno, e educação para adolescentes, ajudando a inserção deles no mercado de trabalho.
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