Patrocínio:
Parceiro institucional:
Johan Rockström, na divulgação do relatório: "desastres climáticos atingem mais severamente regiões onde as populações menos contribuíram para o problema." (Johanne Plenio/Freepik)
Editora ESG
Publicado em 5 de março de 2025 às 16h25.
Última atualização em 16 de março de 2025 às 09h21.
Uma nova análise do "Carbon Majors Database", desenvolvido pelo think tank climático InfluenceMap, com sede em Londres, revelou que um grupo reduzido de empresas é responsável pela maior parte das emissões mundiais de gases de efeito estufa.
O estudo mostra que as companhias estatais dominam a lista dos principais emissores, superando significativamente as petroleiras e indústrias de gás natural de capital privado.
Aponta também que as estatais foram responsáveis pela maior volume (52%) das emissões globais em 2023. E que apenas 36 produtores de petróleo, gás, carvão e cimento contribuíram com mais da metade das liberações de gases CO₂ relacionadas a combustíveis fósseis no mundo.
Entre as 20 maiores poluidores mundiais no banco de dados que embasou a pesquisa e rastreia emissões desde 1854 até 2023, 16 são empresas públicas.
Divulgado recentemente, o documento indica ainda que muitos dos grandes emissores mundiais aumentaram suas emissões em 2023 em comparação ao ano anterior.
China segue como maior poluidora do mundo
Esta é a primeira vez que o banco de dados inclui informações detalhadas sobre emissões de carvão da China, Rússia e várias outras nações, em vez de apenas dados em nível nacional.
Assim como em 2022, organizações chinesas lideraram o ranking entre as que mais contribuíram com emissões relacionadas a combustíveis fósseis, mantendo a posição do país como principal poluidor mundial. Estas empresas foram responsáveis por 23% das liberações globais de carbono.
A atualização no banco de dados revelou também que a chinesa CHN Energy, empresa de carvão, foi a terceira maior emissora de CO₂ relacionado a combustíveis fósseis em 2023 e a 14ª maior historicamente.
Entre as estatais, a Saudi Aramco, maior petrolífera do mundo situada na Arábia Saudita, foi a maior poluidora, responsável por 4,38% das emissões globais de CO₂. Entre as companhias privadas, a ExxonMobil liderou, com 1,28% das emissões, seguida por Shell e Chevron, com aproximadamente 1% cada.
Base para ações legais e resposta a eventos extremos
O banco de dados Carbon Majors, criado em 2013, se consolidou como o relatório anual cujas análises têm fundamentado esforços para aprovar leis de fundos climáticos em Vermont e Nova York.
Pesquisadores utilizam suas descobertas para relacionar eventos climáticos extremos a empresas específicas, superando a abordagem genérica das emissões de carbono. Grupos de advocacia também o empregam em ações legais contra empresas de combustíveis fósseis e seus dirigentes.
Em comunicado divulgado com o lançamento do relatório, Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisa de Impacto Climático, declarou: "Enquanto algumas corporações movidas pelo lucro continuam expandindo a infraestrutura de combustíveis fósseis, os desastres climáticos atingem mais severamente regiões onde as populações menos contribuíram para o problema. Uma transformação global não é apenas urgente — é essencial, e deve começar por esses atores-chave."