Fundos de investimento agressivos, que dão lucro para ser reinvestido em ações de alcance, podem se aliar aos esforços de ESG das corporações (Manusapon Kasosod/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2021 às 16h41.
Fernanda Camargo, Sócia e CoFundadora da Wright Capital Gestão de Patrimônio, abriu sua empresa em 2014. A inspiração para essa iniciativa havia surgido quatro anos antes, como ela lembrou durante o painel “Como ESG, Negócios de impacto e filantropia andam juntos?”, mais um debate de alto nível do evento Melhores do ESG.
“Em 2010, conheci um investidor que queria criar um fundo para investir dinheiro no social, mas esse fundo precisava dar lucro – que seria reinvestido em ações para as comunidades. Foi quando conheci a filantropia de impacto”, relatou. “Quando você tem a consciência de que é possível ganhar dinheiro resolvendo grandes problemas sociais, você não consegue ignorar o outro lado do seu portfólio.”
A seu lado na tela estava Denis Mizne, Diretor Executivo da Fundação Lemann, que lembrou que esse caminho encontra um cenário favorável na medida em que as corporações estão mais dispostas a investir não só dinheiro, com também pessoas, em ações de impacto social.
“Para solucionar problemas estruturais não adianta colocar dinheiro, precisamos dos maiores talentos. Temos agora a oportunidade de aproveitar o interesse das empresas em ações de ESG para amplificar as ações”, ele lembrou.
Paulo Batista, CEO e Fundador da Alicerce Educação, concordou: “Se você tem a oportunidade de trabalhar para filantropia num ambiente ousado, com possibilidade de progressão de carreira, você tem a possibilidade de criar algo muito mais potente”.
Para Batista, o brasileiro é adepto a ações de cunho social. “Parte do problema é falta de oferta de bons projetos. Existe uma propensão à filantropia no Brasil, e as pessoas aderiram na pandemia quando surgiram iniciativas organizadas”.
Por sua vez, Mizne lembrou que, por muito tempo, a filantropia teve uma visão “ao mesmo tempo ingênua e arrogante”. Empreendedores e pessoas ricas acreditavam que poderiam solucionar problemas complexos. “Eles pensavam que bastava colocar a mão no problema que ele se resolveria na hora. Mas, quando investem, descobrem que o desafio é muito mais difícil”.
É o caso da educação, um tema prioritário para a Fundação Lemann. “Enquanto a gente não garantir educação de qualidade para todo mundo, vamos ter um crescimento tão pífio quanto dos últimos 40 anos. Muda plano econômico, crises vêm e vão, e não estamos dando conta do que é mais importante”.
Para Batista, existe uma demanda por educação na sociedade. “No momento em que a filosofia de impacto colocar um propósito à frente de tudo, ela terá mais chance de sucesso do que o capitalismo antigo. E assim poderia oferecer a jovens de classe C uma educação equivalente à da elite. Essa é uma proposta poderosa”.
Fernanda Camargo concordou. ““Como transformar passivo em ativo? Empoderando pessoas. Se tivermos pessoas mais fortes, teremos uma nação mais forte e nossos negócios serão melhores. Ignorar isso é loucura.” (Por Tiago Cordeiro, especial para EXAME)
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