Apresentado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) durante a COP30, em Belém, o instrumento, batizado de Vítuke — na língua Terena, significa “nosso” -, foi formulado com a participação de organizações do movimento indígena. Entre elas, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). No entanto, a gestão ficará com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
Segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, "a construção do mecanismo é mais um importante passo no reconhecimento dos povos indígenas como os maiores protetores da biodiversidade”, contribuindo para a autonomia das comunidades.
Com mais de 800 terras indígenas em diferentes etapas de processo demarcatório, o novo mecanismo poderá servir como apoio à proteção de 100 milhões de hectares, impactando em torno de 300 mil indígenas - número que corresponde a quase metade da população indígena registrada no Censo 2022 do IBGE.
Os projetos financiados deverão se concentrar em seis eixos principais:
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Proteção territorial e dos recursos naturais;
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Governança indígena e participação;
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Prevenção e restauração de danos ambientais;
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Uso sustentável dos recursos naturais e iniciativas produtivas;
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Capacitação, formação e intercâmbio de conhecimentos;
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Infraestrutura de gestão.
Estudos apontam que terras indígenas têm se mostrado mais eficazes na manutenção da floresta em pé. Segundo dados do MapBiomas, entre 1991 e 2021, perderam apenas 1,2% da vegetação nativa, enquanto em áreas privadas a perda chegou a 19,9%.