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Marina Silva estreia agenda oficial do Brasil na ONU colocando adaptação no centro da COP30

Ministra defende urgência de financiamento climático em reunião multilateral, enquanto Lula discute regulação digital com TikTok

Marina Silva durante participação na Reunião de Alto Nível sobre Adaptação Climática na sede da ONU, em Nova York, nesta segunda-feira, 22. (Fernando Donasci / MMA/Divulgação)

Marina Silva durante participação na Reunião de Alto Nível sobre Adaptação Climática na sede da ONU, em Nova York, nesta segunda-feira, 22. (Fernando Donasci / MMA/Divulgação)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 22 de setembro de 2025 às 14h25.

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*Nova York

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, inaugurou no fim da manhã desta segunda-feira, 22, sua agenda oficial de compromissos na 80ª Assembleia Geral da ONU com participação na Reunião de Alto Nível sobre Adaptação Climática, realizada na sede das Nações Unidas.

O encontro, convocado pela Equipe de Ação Climática do Secretário-Geral em parceria com Brasil, Itália, África do Sul e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), reuniu representantes de Angola, Maldivas, México, Paquistão, China, Nigéria, Tanzânia, Reino Unido, Alemanha.

Participaram ainda organizações internacionais como Banco Mundial, Climate Investment Funds e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para discutir mecanismos financeiros inovadores e frameworks nacionais capazes de acelerar a implementação de políticas adaptativas.

A participação brasileira formaliza o início de uma sequência estratégica de articulações multilaterais que podem definir o tom da COP30, após uma semana de compromissos preparatórios em que a ministra se dedicou a eventos como o Encontro do Balanço Ético Global (BEG).

O diálogo ético, parte de uma série mundial de discussões morais sobre liderança climática - que incluiu outros encontros como o realizado em Adis Abeba durante a Semana do Clima da África -, concentrou-se no contexto norte-americano e contou com a presença do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, além de Karenna Gore e Selwin Charles Hart, da ONU.

Adaptação como prioridade estratégica

Na sessão desta segunda-feira, que contou também com a presença de Ana Toni, CEO da COP30, Marina Silva utilizou a tribuna para posicionar a adaptação climática como elemento central das negociações de Belém, não como apêndice da agenda de mitigação.

"A humanidade chegou a um ponto decisivo. O desafio não é somente entregar novos NDCs ambiciosos alinhados ao objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C, mas garantir a implementação dos compromissos assumidos", declarou a ministra brasileira.

O discurso enfatizou a urgência financeira do tema, destacando que a lacuna de adaptação identificada em 2024 demonstra necessidades até 14 vezes maiores do que os fluxos atuais de recursos. "Essa é a medida da urgência para enfrentar a emergência climática", complementou Silva.

A ministra defendeu três pilares fundamentais para avançar na agenda: instituições nacionais fortes capazes de transformar planos em carteiras de investimento; recursos públicos previsíveis que facilitem o acesso ao capital privado; e instrumentos financeiros inovadores como títulos de resiliência, títulos azuis, seguros paramétricos e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).

Ana Toni, presidente da COP30, na ONU: "Estamos comprometidos em aprofundar conversas e esperançosos de que chegaremos a acordos nas negociações sobre indicadores e financiamento." (Fernando Donasci / MMA/Divulgação)

Ana Toni complementou a intervenção brasileira reforçando o caráter prático que se espera na conferência de Belém: "A COP30 é uma COP sobre soluções, sobre implementação", declarou.

A presidente da COP reforçou ainda o compromisso brasileiro de aprofundar diálogos com financiadores, bancos multilaterais e bilaterais e os países desenvolvidos.

"Estamos comprometidos em aprofundar conversas e esperançosos de que chegaremos a acordos nas negociações sobre indicadores e financiamento, tópicos absolutamente fundamentais para todos", afirmou.

Agenda presidencial entre diplomacia climática e regulação digital

Paralelamente à programação ministerial focada em questões climáticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém agenda oficial alinhada aos temas centrais da COP30, embora tenha iniciado esta segunda-feira com um encontro sobre regulamentação digital.

O chefe do Executivo brasileiro se encontrou pela manhã com Shou Zi Chew, CEO do TikTok, menos de uma semana após apresentar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei para regulação econômica das big techs.

Fontes que assessoram a delegação brasileira disseram que a proposta de regulamentação, que prevê mudanças no Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, foi tema do encontro bilateral, incluído de última hora na agenda de Lula.

A iniciativa deve ainda trazer novos mecanismos para impedir o abuso de poder econômico por grandes plataformas digitais, sinalizando uma abordagem nacional mais assertiva na governança tecnológica internacional.

A delegação do Brasil executa um esforço coordenado e estrategicamente orquestrado para redirecionar as atenções internacionais aos temas substantivos que deveriam protagonizar a COP30, mas que acabaram eclipsados pela crise de hospedagem em Belém e pelas crescentes tensões geopolíticas, especialmente na deteriorada relação bilateral Brasil-Estados Unidos.

Nos próximos dias, o "calendário temático" contempla formalização oficial do TFFF na terça-feira, 23, seguida pela Cúpula de Alto Nível sobre Mudança Climática na quarta-feira, 24, quando Lula dividirá com o secretário-geral António Guterres a copresidência do encontro que reunirá representantes de 109 países.

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