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Bandeira do orgulho trans: a contratação de pessoas trans, de modo geral, ainda é baixa. E, quando acontece, precisa de inclusão de fato (Marcha Trans em São Paulo/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 10 de maio de 2023 às 08h01.
Última atualização em 11 de maio de 2023 às 08h58.
O Brasil é conhecido por ter a maior Parada LGBTI+ do mundo -- foram 4 milhões de participantes no ano passado. Ao mesmo tempo, nos últimos 14 anos, é o país onde há mais assassinatos de pessoas trans. Em busca de promover uma visibilidade positiva e demandas políticas, a consultoria Diversity Bbox e o instituto Ssex Bbox organizam a Marcha do Orgulho Trans, prevista para 9 de junho.
“Fizemos a primeira marcha brasileira em 2018. Historicamente, ela ocorre sempre dois dias antes da Parada LGBTI+ como forma de protesto, visto que a parada ainda é dominada por homens. Ainda assim, a Marcha Trans não é sobre separar o movimento, é sobre trazer foco para um grupo que não tem espaço nas rodas de conversa”, diz Pri Bertucci, CEO da Diversity Bbox.
Além da Marcha Trans, a organização promove a Feira Trans em busca de geração de emprego e oportunidade. A iniciativa visa mudar o cenário atual, quando 90% das pessoas trans estão em situação de prostituição por baixa escolaridade, vulnerabilidade e marginalização, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).
Neste ano, na Feira, algumas pessoas empreendedoras serão selecionadas para um incentivo semente de cinco mil reais. “A Feira começou online devido à pandemia da covid-19, em 2021, e ali vimos a necessidade de divulgar os produtos de quem empreende. Agora, temos mais uma forma de incentivar o crescimento dos negócios”, afirma Bertucci.
Busca de apoio para a realização da Marcha e Feira trans
Apesar da proximidade da Marcha e da Feira trans, previstas para acontecer em 9 e 3 de junho respectivamente, Pri Bertucci tem pouco apoio financeiro para a realização dos eventos. “Historicamente, o instituto é apoiado pelos projetos que fazemos na consultoria, mas precisamos de orçamentos melhores e apoio das empresas”. No ano passado, as ações empregaram 30 pessoas trans, além de ter 1.500 participantes na edição presencial da feira e 15.000 na marcha. Online, 475 mil pessoas assistiram aos conteúdos.
De acordo com Bertucci, um milhão de reais é necessário para a realização dos dois eventos. “Enquanto isto, apenas um trio na Parada LGBTI+ recebe em torno de 2 milhões de reais”, afirma. Para colocar os eventos na rua, ambos no centro de São Paulo, um financiamento coletivo está no ar em parceria com a marca de sorvetes Ben&Jerry. Na ação, a cada real recebido pelo financiamento, a marca coloca mais um real em cima. Há também embaixadoras oficiais como Nathalia Arcuri, Erika Hilton e Carolina Iara.
O apoio institucional é da Rede Globo e do LinkedIn, que deve seguir com ação semelhante à do ano anterior, realizando fotos profissionais e a criação de um perfil na rede para as pessoas trans. Dell Technologies e Uber entram como patrocinadoras. “A Uber é a única empresa que está desde a primeira edição, enquanto cinco patrocinadoras do ano passado não continuaram neste ano. Sabemos que há um movimento de congelamento dos orçamentos, mas diversidade é o primeiro tema a ser cortado e, especialmente quando se fala de pessoas trans. Isto mostra a falta de compromisso das empresas com a avanço da inclusão.”, diz Pri.
Inclusão de pessoas trans em empresas
A contratação de pessoas trans nas empresas, de modo geral, ainda é baixa. E, quando acontece, precisa de inclusão de fato. “As empresas têm que investir no aprendizado de inglês e tecnologia, por exemplo. Além disto, as pessoas precisam de seguro saúde que contemplem suas necessidades. É ir muito além de um debate sobre ter banheiro determinado ou não, é promover a cultura inclusiva em todos os aspectos", afirma Pri.
Pensando nisto, a Diversity Bbox realiza, além das consultorias, projetos como a Universidade Trans Tech Brasil. Lançada em 2022, a iniciativa oferece cem bolsas de estudo para pessoas trans neste ano. “Não há justiça social sem justiça econômica. As empresas precisam entender que uma fatia do bolo de orçamento ações de orgulho LGBTI+ precisam ir além do G”.