(PIUS UTOMI EKPEI/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 28 de maio de 2021 às 11h31.
Por Tope Alake, da Bloomberg
A batalha pela posse do nome de um grupo étnico africano está estimulando o debate sobre a apropriação cultural.
Yorubá é um dos principais grupos étnicos da Nigéria e representa cerca de 21% da população, de acordo com o World Atlas. As pessoas que se identificam com o grupo vivem principalmente no oeste do país e falam a língua yorubá. Também há yorubás no vizinho Benin, Togo e até no Brasil.
Mas a palavra Yorubá foi registrada e se tornou propriedade por quase seis anos de uma empresa varejista britânica de roupas, a Timbuktu Global. A marca recentemente tentou impedir que a cidadã britânica-nigeriana Gbemisola Isimi - que é membro do grupo étnico - usasse a palavra para nomear seu programa cultural e linguístico de “Estrelas Yorubá.”
Um tuíte de Isimi gerou uma onda de protestos online e uma campanha de mídia social chamada #Yorubaisnotforsale.
“É realmente estranho que uma empresa possa registrar a palavra ‘yorubá' como sua marca, uma língua e tribo de milhões de pessoas”, ela disse. “Hoje é yorubá, amanhã pode ser igbo ou mesmo a palavra África.”
A empresa disse esta semana que iniciou o processo de renúncia da marca. A disputa foi particularmente delicada na Nigéria, que foi governada por décadas pela Grã-Bretanha antes de se tornar independente em 1960 e onde as autoridades estão buscando a devolução de artefatos que foram saqueados naquela época.
A Timbuktu registrou a marca “Yorubá” em 2016, de acordo com o site do Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido. A companhia havia se oferecido para vender os direitos da marca para a Culture Tree, a empresa de propriedade da Isimi que ensina a língua yorubá, quando ela reclamou pela primeira vez. Mas Isimi recusou a proposta.
O Escritório de Propriedade Intelectual do Reino Unido afirma que suas decisões são baseadas nas leis existentes e que o público pode contestar a validade de uma marca comercial. “Ao examinar marcas registradas, nosso papel é interpretar as leis existentes e ser o mais transparente possível em nossos processos de tomada de decisão, ao mesmo tempo em que refletimos a sociedade ao nosso redor.”