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Mapa mostra lugares representativos para a população LGBTQIA+

O Mapa Interativo do Patrimônio Cultural LGBTI+, uma iniciativa do Museu Bajubá, é um museu virtual de história da população de lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, intersexuais, queer, assexuais e outras

Mapa Interativo do Patrimônio Cultural LGBTI+ é lançado (AFP/AFP)

Mapa Interativo do Patrimônio Cultural LGBTI+ é lançado (AFP/AFP)

Agência Brasil
Agência Brasil

Agência de notícias

Publicado em 29 de junho de 2024 às 12h33.

Rua Santa Luzia, 782, quarto número 1, Centro, Rio de Janeiro. Este era o endereço do sobrado onde vivia João Francisco dos Santos, conhecido como Madame Satã, ícone LGBTQIA+ de resistência, artista, transformista que marcou a noite da Lapa. Nesse endereço, em 18 de fevereiro de 1942, uma Quarta-Feira de Cinzas, Satã foi presa por conta de uma denúncia de vizinho incomodado com seu comportamento. Mesmo arbitrária a ordem, foi condenada a um ano de prisão.

Praça Sete de Setembro, Centro, Belo Horizonte. Em março de 1961, uma ronda da Delegacia Especializada de Repressão à Vadiagem prendeu um grupo de 27 desordeiros, entre "malandros, vadios, maconheiros, ladrões e anormais". Os ditos anormais incorporados ao grupo eram três travestis: Heddy Lamar, Rosângela e Stefana.

Avenida Augusto Maynard, São José, Aracaju. Neste endereço, está a sede do Cotinguiba Esporte Clube, o palco do Baile das Atrizes, criado pelo cronista e comunicador social João de Barros, popularmente conhecido como Barrinhos, uma personalidade bastante relevante para a cultura sergipana. Esse baile era destaque pelas fantasias extravagantes usadas por foliões homossexuais e também pelas travestis.

Os três endereços fazem parte, junto com outras dezenas de locações já mapeadas no país, do Mapa Interativo do Patrimônio Cultural LGBTI+, uma iniciativa do Museu Bajubá, que é um museu virtual de história da população de lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans, intersexuais, queer, assexuais e outras.

O Mapa buscar dar visibilidade aos territórios de resistência e espaços de memória da população LGBTQIA+. “Através dessa visualização da localização geográfica, a gente clica no ponto, no alfinete, e aí se abre a história para a gente conhecer. A gente tem bastante orgulho desse trabalho”, diz a historiadora Rita Colaço, ativista LGBTQIA+ e diretora-presidente do Museu Bajubá.

Como o próprio nome diz, o projeto consiste em um mapa onde estão marcados os locais. Quando se clica em qualquer um desses locais, é possível saber a história daquele território e porque ele é importante para a população LGBTQIA+. Segundo Colaço, foram mapeados cerca de 70 locais em estados e municípios brasileiros como Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe, Brasília e Belo Horizonte. O mapa mostra também espaços em Berlim e no México, por conta de parcerias com pesquisadores desses locais.

Os lugares mapeados são classificados, entre outros, como endereços memoráveis, espaços de sociabilidade, protestos e marchas, memória de organização, memória traumática e censura.

“A gente precisa se apropriar do nosso passado, do nosso patrimônio, dos nossos registros, dos nossos vestígios, dos nossos acervos, reverenciá-los, se orgulhar deles e lutar para que eles sejam salvaguardados, para que sejam restaurados, para que sejam preservados”, defende Colaço.

Qualquer pessoa pode fazer sugestões de inclusão de localidades no Mapa. Basta clicar no símbolo + existente no topo do mapa, à direita, e compartilhar informações sobre lugares que podem ser lugar de encontro, monumentos, estabelecimentos ou qualquer outro local que tenha marcado a história e a cultura LGBTQIA+. É preciso fornecer informações detalhadas e precisas, mencionando fontes.

O Mapa, que já pode ser consultado online, na página do Museu Bajubá será oficialmente lançado no dia 6 de julho, às 15h, em um debate virtual no canal do Youtube da organização.

Acompanhe tudo sobre:LGBTDiversidadeMuseus

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