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A diversidade complementa a visão e as possibilidades de negócios nas empresas (Angelina Bambina/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 5 de junho de 2023 às 14h25.
Última atualização em 5 de junho de 2023 às 15h29.
Por André Barros*
Não é nenhuma novidade que a diversidade nos conselhos de administração, fiscal e demais órgãos consultivos das companhias traz visões distintas, por vezes conflitantes, mas com uma visão mais apurada de futuro, com base na pluralidade e nas diferentes experiências de vida dos conselheiros, ajudando na tomada de decisões. O assunto foi tema da conversa “Governança: cultura, incentivos e planejamento”, parte do especial Mês do ESG promovido por EXAME.
Participaram do debate Marta Porto, crítica de cultura, consultora e colunista de EXAME, Luciano Porto, advogado especialista em governança e colunista de EXAME, Camila Gualda, vice-presidente de governança, riscos e conformidade da Eletrobras, e Jandaraci Araújo, conselheira de administração e fiscal independente.
Araújo é também uma das fundadoras do Conselheira 101, programa que tem como objetivo ampliar a presença de mulheres negras, e agora também indígenas, em conselhos de empresas. Segundo ela, 47% das mulheres que passaram pelo programa estão, hoje, ocupando posições em conselhos: “Diziam que não existiam mulheres negras ou indígenas qualificadas. Mostramos o contrário, mulheres negras e indígenas com doutorado, fluentes em várias línguas, que estão tirando as falsas barreiras que impediam a entrada delas nas organizações”.
A diversidade, de acordo com a conselheira independente – e que integra conselhos de diversas companhias –, complementa, com diferentes culturas, a visão e as possibilidades de negócios nas empresas. Luciano Porto acrescentou: “A diversidade precisa agora ir mais além. Temos conselhos de administração comumente formados por ex CEOs, CFOs, COOs, com faixa etária parecida. Precisamos ter uma diversidade mais diversa, podemos assim dizer”.
Além de ter pessoas de faixas etárias diferentes ocupando cadeiras nos conselhos das empresas, a questão de qualificação profissional poderia ser mais abrangente, disse Marta Porto: “Temos corporações europeias colocando antropólogos em seus conselhos. O Ministério da Defesa da França discute com artistas e antropólogos. Então precisamos, nas empresas brasileiras, ter filósofos, poetas e antropólogos nos conselhos, dentre outras profissões, participando dos conselhos”.
Camila Gualda disse que na Eletrobras existe a preocupação de ter essa diversidade nos conselhos “Após a privatização começamos este trabalho de readequação dos processos de indicação ao conselho e outros cargos de gestão. Além da competência técnica, a diversidade também é avaliada, para que possamos ter um conselho mais engajado com o que há de melhor em governança”.
Nos últimos anos, avaliou Jandaraci Araújo, houve avanço na diversidade “a passos bem lentos, mas ainda há um abismo muito grande”. Para Marta Porto o mundo está, atualmente, em uma era de mudanças de paradigmas, que favorece a estes avanços:
“Temos dois desafios: o climático, que está mudando nosso modelo de vida, e o de mobilidade social, que busca reduzir esta imensa desigualdade gerada pelo atual modelo socioeconômico”.