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Mais da metade dos territórios indígenas na região amazônica sofre com seca grave ou extrema

A seca extrema, a pior em 121 anos, aumentou em 620% na Amazônia, no Gran Chaco e em outros ecossistemas vitais; até 17 de setembro, foram registrados mais de 2,4 milhões de focos de calor em 13 países da região

Abandono: em situação de emergência por causa dos incêndios e da seca, os povos indígenas pedem à comunidade internacional ações para combater a crise climática (AFP Photo)

Abandono: em situação de emergência por causa dos incêndios e da seca, os povos indígenas pedem à comunidade internacional ações para combater a crise climática (AFP Photo)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 25 de setembro de 2024 às 18h15.

Líderes indígenas instaram, nesta quarta-feira, 25, a comunidade internacional a agir para enfrentar os incêndios e a seca extrema que ameaçam ecossistemas vitais como a Amazônia, o Gran Chaco e o Pantanal.

"Nossas florestas estão queimando, nossos rios estão secando, nossas comunidades estão sofrendo", alertou em uma coletiva de imprensa o cacique Raoni Metuktire, da etnia Kayapó, expoente do movimento mundial pela conservação da Amazônia.

"O mundo deve agir agora para proteger a Amazônia e todos os ecossistemas vitais da América do Sul, não apenas para o nosso bem, mas para o futuro de todo o planeta", implorou, enquanto os líderes mundiais se reúnem na Assembleia Geral da ONU.

Até 17 de setembro, foram registrados mais de 2,4 milhões de focos de calor em 13 países da região, segundo dados do Sistema de Informação de Incêndios para a Gestão de Recursos da Nasa.

Seca generalizada

A seca extrema - a pior em 121 anos - aumentou em 620% na Amazônia, no Gran Chaco e em outros ecossistemas vitais, alertaram os líderes indígenas de uma dezena de países sul-americanos.

Atualmente, mais da metade dos territórios indígenas na região amazônica sofre com uma seca grave ou extrema, resultando na severa escassez de água, rios completamente secos em várias regiões, grandes perdas de cultivos e pastagens, e uma drástica restrição no uso da água.

Na Bolívia, um dos países mais afetados, nos primeiros oito meses e meio do ano, os incêndios aumentaram 600% em comparação ao mesmo período de 2023.

Eles se concentram na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, que representa 40% da América do Sul e abriga ecossistemas vitais para o planeta, além de outras áreas florestais que regulam o clima global e são lar de milhares de espécies da fauna e da flora e de centenas de povos indígenas.

Às vésperas da COP16 de biodiversidade, que acontecerá na Colômbia no final de outubro, e da COP29 de mudanças climáticas, que ocorrerá no Azerbaijão em novembro, os povos indígenas pedem à comunidade internacional ações para combater a crise climática.

Segundo o Observatório Regional Amazônico, nos últimos cinco anos, o fogo destruiu cerca de meio milhão de hectares da Amazônia, especialmente no Brasil e na Bolívia, embora a última semana tenha sido particularmente difícil para o Peru, onde 16 pessoas morreram e mais de 140 ficaram feridas.

Este ano, todos os recordes históricos de seca, temperatura e níveis dos rios foram superados, de acordo com o relatório "Amazônia à Beira do Colapso", elaborado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

"A terra está gritando de dor. Os incêndios e a seca estão destruindo nosso lar e ameaçando nossa existência", advertiu Adamo Americo Diego Cusi, representante das Comunidades Indígenas Tacana II - Rio Madre de Dios.

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