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Lula na Assembleia da ONU: 'Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática'

Presidente brasileiro defendeu reforma da ONU para trazer clima 'ao coração' do multilateralismo e cobrou os líderes a entregarem suas NDCs a tempo da COP30, com foco em implementação

Lula, presidente brasileiro: "Chegou o momento de passar da fase de negociação para a etapa de implementação" (Michael M. Santiago/AFP)

Lula, presidente brasileiro: "Chegou o momento de passar da fase de negociação para a etapa de implementação" (Michael M. Santiago/AFP)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 12h00.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 12h30.

"Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta", declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao posicionar a crise climática no centro de seu discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, 23, em Nova York.

Mirando a COP30 em Belém do Pará, Lula alertou que o ano de 2024 foi o mais quente já registrado e disse que "esta será a COP da verdade", além de cobrar a entrega das Contribuições Nacionalmente Determinadas (as NDCs) atrasadas pela maioria dos países membros da ONU.

Até então, apenas 37 dos 197 nações apresentaram suas metas climáticas e o presidente reforçou que "sem o quadro completo, caminharemos de olhos vendados para o abismo".

Nas próximas semanas, há expectativas de anúncios da União Europeia e China. O Brasil, segundo país a entregar na COP29 em Baku, se comprometeu a reduzir entre 59 e 67% suas emissões até 2035. 

Apelo pela paz mundial

O pano de fundo da fala de Lula foi o forte apelo pela paz, especialmente diante dos conflitos em curso na Ucrânia e Gaza. "No conflito ucraniano, todos já sabemos que não haverá solução militar", afirmou o presidente, defendendo que "é preciso pavimentar caminhos para uma solução realista."

Sobre Gaza, foi ainda mais contundente: "Nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso", criticando o que chamou de "uso desproporcional e ilegal da força" contra o povo palestino.

É neste contexto de crítica às guerras que o presidente fez uma analogia da paz com a emergência climática, sugerindo que os recursos destinados a armamentos deveriam ser redirecionados para enfrentar as mudanças climáticas.

"Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática", destacou.

Justiça climática em foco

Um dos pontos centrais do discurso foi a questão da justiça climática, visto que as populações mais vulneráveis e do Sul global são as que menos contribuem para a crise do clima, mas as que mais sofrem e são impactadas por seus efeitos severos.

"Nações em desenvolvimento enfrentam a mudança do clima ao mesmo tempo em que lutam contra outros desafios, enquanto países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões", destacou Lula.

Para o presidente, "exigir maior ambição e maior acesso a recursos e tecnologias não é uma questão de caridade, mas de justiça."

A proteção ambiental deve vir acompanhada de desenvolvimento social, lembrou. "Erradicá-lo [o desmatamento] requer garantir condições dignas de vida para seus milhões de habitantes", acrescentou.

Proteção das florestas tropicais e transição energética

Neste contexto, anunciou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma das grandes apostas do Brasil na COP30 para remunerar os países que mantêm suas florestas em pé e atuam em prol da preservação ambiental. 

Em direção a uma economia de baixo carbono, o presidente também alertou para os riscos da transição energética, afirmando que "a corrida por minerais críticos, não pode reproduzir a lógica predatória que marcou os últimos séculos".

Reforma do multilateralismo

Além da agenda climática, Lula defendeu reformas profundas na ONU. O discurso trouxe como eixos centrais a defesa do multilateralismo, da soberania nacional e cooperação internacional.

"Chegou o momento de passar da fase de negociação para a etapa de implementação. É necessário trazer o combate à mudança do clima para o coração da ONU, para que ela tenha a atenção que merece", disse, propondo a criação de "um Conselho vinculado à Assembleia Geral com força e legitimidade para monitorar compromissos climáticos".

O presidente encerrou seu discurso homenageando o legado de figuras como Pepe Mujica e Papa Francisco, dizendo que "se ainda estivessem entre nós, provavelmente usariam esta tribuna para lembrar que o autoritarismo, a degradação ambiental e a desigualdade não são inexoráveis."

Lula ainda citou que a ONU tem hoje quase quatro vezes mais membros do que os 51 que estiveram na sua fundação.

"Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância", concluiu. 

Leia o discurso na íntegra. 

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