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Lucros não são suficientes para avaliar empresas, diz professor de Harvard

George Serafeim quer revolucionar a maneira como as empresas calculam o próprio sucesso ao colocar critérios de impacto social na avaliação das empresas

A pesquisa de Serafeim dispensa o manual para medir o desempenho das empresas com base principalmente no valor para os acionistas, que foi popularizado pelo economista vencedor do Prêmio Nobel Milton Friedman (Bloomberg/Bloomberg)

A pesquisa de Serafeim dispensa o manual para medir o desempenho das empresas com base principalmente no valor para os acionistas, que foi popularizado pelo economista vencedor do Prêmio Nobel Milton Friedman (Bloomberg/Bloomberg)

LB

Leo Branco

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 18h40.

Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 19h37.

George Serafeim quer revolucionar a maneira como as empresas calculam o próprio sucesso.

Lucros e perdas não são suficientes, diz o professor da Harvard Business School. Serafeim pretende fazer o que ninguém fez antes: colocar um valor em dólar no impacto de produtos e operações sobre pessoas e o planeta, e depois somá-lo ou subtraí-lo dos lucros das empresas.

A Intel é um exemplo de ambos os casos. Serafeim e sua equipe de cinco pessoas creditaram US$ 6,9 bilhões à fabricante de chips em 2018 por pagar bem os funcionários e por impulsionar economias locais onde tem escritórios. Mas deduziram US$ 3,1 bilhões pela falta de mulheres na força de trabalho, dificuldade de ascensão na carreira e pouca atenção à saúde dos trabalhadores, segundo o estudo.

“Sem monetizar os impactos, ficamos com a ilusão de que as empresas não têm impacto”, disse Serafeim. As empresas que registram grandes lucros podem ter enormes efeitos negativos na sociedade, afirmou. “Estão apenas trapaceando, porque operam em um contexto que não avalia todos esses impactos.”

A pesquisa de Serafeim dispensa o manual para medir o desempenho das empresas com base principalmente no valor para os acionistas, que foi popularizado no século passado pelo economista vencedor do Prêmio Nobel Milton Friedman. Além de fornecer um antídoto para o chamado “good washing” - anúncios corporativos positivos sem acompanhamento -, seu trabalho surge à medida que empresas buscam cada vez mais formas de ajudar a melhorar uma sociedade que, apesar da riqueza, enfrenta mazelas como o racismo, um abismo crescente entre ricos e pobres e danos à natureza. A pandemia de coronavírus tornou essa busca mais urgente.

Investimento ESG

Serafeim, de 38 anos, quer que seu trabalho resulte em um conjunto de contas financeiras ponderadas pelo impacto. As métricas podem auxiliar na tomada de decisões de investimento, ajudar na criação de incentivos fiscais, ser um fator em classificações de crédito ou até mesmo ajudar empresas a levantar dinheiro.

“Nem todos os lucros são criados iguais”, disse Peter Harrison, CEO da gestora de ativos Schroders, em Londres, durante participação no Bloomberg Sustainable Business Summit na segunda-feira.

Serafeim é bem conhecido no mundo dos investimentos ambientais, sociais e de governança corporativa, ou ESG na sigla em inglês. E suas palavras, ele já trabalhava com ESG “antes de se tornar cool”. Crescer na Grécia e observar problemas no governo despertou seu fascínio por medir desempenho.

 

Sua análise vai além do trabalho de medição de gases de efeito estufa ou de precificação de carbono. Seguindo o ditado “o que é medido, é gerenciado”, a meta da Serafeim é colocar um valor em fatores intangíveis e não financeiros.

Utilizando a tecnologia de aprendizado de máquina, Serafeim e sua equipe avaliam produtos e serviços sob fatores que incluem nível de acessibilidade, saúde e segurança e capacidade de reciclagem.

“O que estamos fazendo é capacitar o capitalismo para realmente ter mercados livres e justos”, disse Serafeim.

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