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Limpeza do Rio Sena para as Olimpíadas de Paris ainda é desafio incerto

Com as Olimpíadas de Paris se aproximando, a questão da qualidade da água do rio permanece em aberto

Qualidade da água do Rio Sena é motivo de discussão para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. (AFP)

Qualidade da água do Rio Sena é motivo de discussão para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. (AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 16 de julho de 2024 às 10h12.

Última atualização em 16 de julho de 2024 às 10h33.

Com menos de duas semanas para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 trouxe à tona uma questão crítica para a cidade: a qualidade da água do Rio Sena. Com competições de triatlo e natação em águas abertas programadas para ocorrer no rio, a segurança dos atletas é uma preocupação crescente. Paris tem se empenhado em despoluir o Sena, onde nadar tem sido proibido por mais de cem anos, mas os resultados dos testes de qualidade da água têm variado, gerando incertezas sobre a viabilidade das provas aquáticas. As informações são da AP.

Nos últimos anos, a capital francesa investiu bilhões de euros em infraestrutura para melhorar a qualidade do Sena, incluindo a construção de um grande reservatório subterrâneo para captar o excesso de água da chuva. Este projeto é uma das várias iniciativas destinadas a impedir que esgoto contaminado chegue ao rio. Apesar desses esforços, episódios recentes de chuva intensa elevaram os níveis de E. coli, colocando em dúvida a possibilidade de realizar as competições aquáticas conforme planejado.

Para limpar o rio, Paris investiu 1,4 bilhão de euros (cerca de R$ 7,6 bilhões) em infraestrutura para captar mais água da chuva, que contém esgoto carregado de bactérias e que entra no rio durante períodos de fortes chuvas, tornando-o impróprio para natação.

Chuvas atrapalham

Em maio, autoridades de Paris inauguraram um enorme reservatório subterrâneo de água próximo à estação de trem de Austerlitz, projetado para coletar o excesso de água da chuva e impedir que esgoto contaminado chegue ao Sena. O reservatório pode armazenar o equivalente a 20 piscinas olímpicas de água suja que será tratada posteriormente. Esta é a principal obra de infraestrutura que a cidade correu para concluir a tempo dos Jogos, visando também garantir um Sena mais limpo para os parisienses nos próximos anos.

No entanto, algumas fortes chuvas podem elevar os níveis de E. coli além do limite de 900 unidades formadoras de colônia por 100 mililitros, estabelecido pela Federação Internacional de Triatlo como seguro para competições.

Sistema de esgoto combinado

Paris, como muitas cidades antigas ao redor do mundo, possui um sistema de esgoto combinado, o que significa que o esgoto e a água da chuva fluem pelos mesmos canos. Durante períodos de chuva intensa ou prolongada, a capacidade dos canos é excedida, resultando em esgoto bruto fluindo para o rio em vez de ir para uma estação de tratamento.

Diariamente, o grupo de monitoramento Eau de Paris testa a água do rio, apresentando resultados que mostraram níveis inseguros de E. coli nas últimas semanas, seguidos por melhorias no início de julho.

A qualidade da água do Sena depende também de períodos sem chuva. Paris teve apenas uma semana seca este ano — no início de junho — enquanto entre 1950 e 2020, era comum que a cidade tivesse pelo menos três períodos secos até o final de junho.

Com a aproximação dos Jogos, o debate fervoroso sobre a limpeza do Rio Sena tem frustrado alguns atletas, como a triatleta francesa Léonie Périault, medalhista de bronze nas Olimpíadas de Tóquio em 2020. Périault participou de um evento-teste no Sena no ano passado e afirmou que as condições da água não eram piores do que em outros lugares do mundo.

No sábado (13), a Ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, nadou no Sena para demonstrar que o famoso rio está limpo o suficiente. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, também declarou que nadaria no Sena esta semana.

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