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Leilão da Foz do Amazonas: petroleiras arrematam 19 dos 47 blocos

Petrobras, ExxonMobil, Chevron e CNPC compram 16.312,33 km² na região, enquanto ambientalistas e comunidades locais seguem em protesto contra a concessão

Embarcação no Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas - 

Foto: Leandro Fonseca
data: 02/072023 (Leandro Fonseca/Exame)

Embarcação no Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas - Foto: Leandro Fonseca data: 02/072023 (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 17 de junho de 2025 às 12h06.

Última atualização em 17 de junho de 2025 às 15h15.

O leilão para exploração de petróleo e gás na Bacia da Foz do Amazonas, conduzido pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) na manhã desta terça-feira, 17, resultou na venda de 19 dos 47 blocos oferecidos.

Consórcios que incluem Petrobras e ExxonMobil Brasil, além de Chevron Brasil e CNPC Brasil, adquiriram um total de 16.312,33 km² na região, localizada entre o Amapá e o Pará, abrangendo áreas de águas profundas e ultraprofundas na Margem Equatorial.

Embora a expectativa seja de arrecadação mínima de R$ 600 milhões, o certame aconteceu em meio a muitas controvérsias.

Ambientalistas e grupos indígenas levantaram ao longo de todo o processo que antecedeu o leilão, preocupações sobre os impactos ecológicos da exploração, especialmente por envolver regiões de alta sensibilidade ambiental, como as Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade da Zona Costeira e Marinha.

Exploração da Foz do Amazonas

Projeções indicamo potencial de descoberta de até 10 bilhões de barris de petróleo na Foz do Amazonas, o que poderia gerar movimentações econômicas superiores a R$ 1 trilhão.

No entanto, em um processo que está longe de ser simples, as petroleiras ainda enfrentam desafios jurídicos e resistência local.

Além disso, o Ministério Público Federal havia solicitado a suspensão imediata do certame, alegando a necessidade de mais avaliações ambientais e consultas com as populações afetadas.

O debate sobre a exploração na região inclui questionamentos sobre a adequação dos estudos ambientais realizados. Organizações como a Federação Única dos Petroleiros e o Instituto Arayara moveram ações judiciais, alegando que o leilão viola os compromissos ambientais e climáticos assumidos pelo Brasil.

Veja a repercussão de especialistas

Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, afirmou que o leilão na foz do Amazonas será lembrado com tristeza como mais uma chance encerrada de manter a meta do aquecimento global abaixo dos 1,5°C. "Elas sabem exatamente o que estão fazendo: abrir novas frentes de exploração fóssil em plena crise climática é uma escolha deliberada contra o futuro. E o fazem às vésperas da COP30, em solo brasileiro, desafiando a lógica científica, a justiça climática e a esperança", contou.

Para Ricardo Fujii, especialista em conservação e líder de transição energética da ONG ambiental WWF-Brasil, a aquisição dos blocos pelas companhias petroleiras é ignorar os alertas científicos, riscos socioambientais e o próprio Acordo de Paris. "É uma aposta perigosa em ativos fósseis que só terão retorno se o mundo fracassar na luta contra o colapso climático. Estamos falando de uma das regiões mais sensíveis do planeta, onde vivem ecossistemas únicos como o grande sistema recifal amazônico e mais de 80% dos manguezais do país — berços da pesca, da segurança alimentar e do sustento de milhares de famílias", afirma.

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