ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Laboratório da Nasa que ajudou a entender o clima é fechado e equipe é dispersada em Nova York

O Goddard Institute for Space Studies, referência em ciência climática, terá suas operações presenciais encerradas pela gestão Trump, enquanto sua equipe fica sem espaço físico e futuro incerto

Organização avalia transferência para Maryland, onde está o principal centro da Nasa, mas não é vista como alternativa viável pelos cientistas (Andrew Harrer/Bloomberg)

Organização avalia transferência para Maryland, onde está o principal centro da Nasa, mas não é vista como alternativa viável pelos cientistas (Andrew Harrer/Bloomberg)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 22 de maio de 2025 às 10h51.

Tudo sobreClima
Saiba mais

Acima do Tom’s Restaurant, ponto turístico de Manhattan imortalizado na série Seinfeld, está o Goddard Institute for Space Studies (Giss), laboratório da Nasa que desde 1966 lidera pesquisas fundamentais sobre clima e espaço. Agora, suas operações presenciais serão encerradas após a decisão do governo Trump de não renovar o contrato de aluguel do prédio onde funciona o instituto.

Em entrevista ao The Guardian, Dr. James Hansen, ex-diretor do Giss e referência mundial em ciência do clima, classificou a medida como uma tentativa de “matar o mensageiro das más notícias”.

Hansen, que em 1988 alertou o Congresso americano sobre a crise climática e o aquecimento global, destacou a importância do instituto, que desenvolveu um dos primeiros modelos climáticos globais e atuou com autonomia, mesmo com orçamento limitado.

Cortes de orçamento para clima

O Giss ocupa seis andares em um prédio da Universidade Columbia, na Upper West Side, em Nova York. Ali funcionou um dos primeiros computadores IBM do mundo, que consumia um andar inteiro, para rodar modelos climáticos pioneiros. Apesar da relevância científica, o governo atual decidiu cortar pela metade o orçamento de ciências da Terra da Nasa e fechar as operações presenciais do instituto.

O atual diretor do Giss, Gavin Schmidt, afirmou que a decisão é frustrante e que o contrato de aluguel, firmado entre Columbia e outra agência federal, não pode ser rescindido antecipadamente. Por isso, o governo pagará pelo prédio vazio enquanto a equipe, formada por 130 pesquisadores, será dispersada e trabalhará remotamente, até que a Nasa encontre um novo espaço para o grupo.

Eventos climáticos extremos custaram R$ 61 bilhões aos cofres públicos em 10 anos

A transferência para Maryland, onde está o principal centro da Nasa, não é vista como alternativa viável para muitos integrantes da equipe. “Muitos têm suas vidas em Nova York e não querem se mudar”, disse Schmidt. Kate Marvel, cientista climática do Giss, resumiu o sentimento do grupo: “Este é um prédio cheio de pessoas apaixonadas por ciência e por entender nosso planeta. A mudança é disruptiva”.

Mudanças no Governo Trump

O fechamento do Giss ocorre em um momento de cortes orçamentários e ataques à ciência do clima. Bastiaan van Diedenhoven, pesquisador que trabalhou no instituto por 13 anos, classificou a medida como “devastadora” e parte de um ataque da administração Trump à pesquisa científica.

Enquanto desmontam o laboratório e guardam livros e equipamentos, a equipe se despede entre confraternizações e emoções. Schmidt reconheceu que o instituto sempre superou limitações, e que o fim do espaço físico não significa o fim da missão. “Fizemos muito para um grupo que trabalhou acima de um restaurante em Nova York. Ainda não acabou.”

Acompanhe tudo sobre:NasaDonald TrumpClimaMudanças climáticas

Mais de ESG

Eventos climáticos extremos custaram R$ 61 bilhões aos cofres públicos em 10 anos

Risco ao país e à Constituição: Ministério do Meio Ambiente reage a PL do licenciamento

Trio de madeireiras vence leilão inédito de manejo florestal em área equivalente a três São Paulos

Vidro que alimenta planta? USP desenvolve fertilizante sustentável para a agricultura