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Juros para grandes poluidores são, em média, 14 pontos-base maiores na zona do euro, diz ECB

Estudo publicado pelo Banco Central Europeu relaciona o risco climático às taxas praticadas pelos bancos, que cobram menos de empresas com metas públicas de redução de emissões

Zona do euro: segundo o Banco Central Europeu, as instituições financeiras europeias precificam os riscos climáticos e cobram mais de grandes emissores (DANIEL ROLAND/Getty Images)

Zona do euro: segundo o Banco Central Europeu, as instituições financeiras europeias precificam os riscos climáticos e cobram mais de grandes emissores (DANIEL ROLAND/Getty Images)

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 19 de agosto de 2024 às 15h09.

Os bancos europeus já precificam os riscos climáticos e cobram taxas de juros maiores de empresas intensivas em carbono. A conclusão é de um estudo realizado pelo Banco Central Europeu (ECB). Em média, companhias com altas emissões pagam uma taxa de juros 14 pontos-base maior do que aquelas com baixas emissões. Essa diferença chega a 20 pontos-base quando o cliente corporativo não possui um compromisso público de redução de emissões.

Segundo o ECB, a política de precificação dos bancos parece incentivar empresas altamente poluentes a investirem em estratégias de redução de carbono, uma vez que estas recebem descontos consideráveis nas taxas de juros ao adotarem tais compromissos. O prêmio climático cobrado das empresas com alta emissão de carbono supera o prêmio de risco de crédito, o que demonstra que o risco climático é um fator relevante na determinação das taxas de juros.

Bancos que possuem compromissos de descarbonização tendem a cobrar um prêmio ainda maior de empresas poluidoras. Essas instituições financeiras reduzem os spreads em 16 pontos-base (21% da sua variação padrão) para empresas com metas de redução de emissões e cobram 2 pontos-base a mais para empresas com altas emissões.

Quando se analisam os volumes de empréstimos, os resultados se mantêm consistentes. Bancos comprometidos com a descarbonização tendem a oferecer menores volumes de empréstimos para empresas altamente poluentes e maiores volumes para aquelas com metas ambientais.

O trabalho também menciona uma diferença em relação a outro estudo que analisa bancos membros da Net Zero Banking Alliance, no qual os efeitos observados são menos consistentes. Isso pode ser devido à diferença de abordagem, já que o estudo do ECB se concentra no tomador de crédito e distingue entre emissões atuais e futuras, enquanto o outro estudo foca no setor, e não na empresa.

Efeitos da política monetária na análise do risco climático

A política monetária, diz o ECB, afeta não só o risco de crédito, mas também o risco climático. Bancos ajustam seus padrões de empréstimo em resposta a choques monetários, cobrando um prêmio maior de empresas altamente emissoras de carbono durante períodos de política monetária restritiva e oferecendo melhores condições para empresas que se comprometem com a redução de emissões.

Um aumento inesperado de 25 pontos-base nas taxas de juros resulta em um aumento de 1,4 pontos-base no spread para empresas com alta emissão de carbono, enquanto para empresas comprometidas com a descarbonização o spread é 5 pontos-base menor.

Resultados semelhantes são encontrados quando se analisam as grandes mudanças na postura do BCE entre 2021 e 2022, como o fim das compras líquidas de ativos e o aumento das taxas de juros em julho de 2022. A política monetária mais restritiva está associada a uma queda no volume de empréstimos para todas as empresas, mas sem uma diferença significativa para empresas com diferentes níveis de exposição ao risco climático.

Apesar do envolvimento de grandes bancos no teste de estresse climático do BCE em 2022, os resultados indicam que, mesmo excluindo esses bancos da amostra, o comportamento dos spreads permanece consistente. Bancos continuam a cobrar taxas mais altas de empresas altamente emissoras e taxas mais baixas de empresas com metas ambientais.

Os dados sugerem que a política monetária influencia significativamente a precificação tanto do risco de crédito quanto do risco climático, com bancos ajustando seus critérios de concessão de crédito de acordo com as condições econômicas e a postura das empresas em relação às emissões de carbono.

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