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Energia: estudo aponta caminhos para o mercado de carbono no Brasil (Agency/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 5 de março de 2023 às 10h00.
Entre os desafios e oportunidades das empresas com a adoção de práticas de ESG, há uma infinidade de prioridades. A primeira - e talvez a mais importante de todas - seja a descarbonização das operações, enquanto há tempo.
Sendo um dos temas cruciais da COP 27 e, que é estruturante na agenda ESG de uma empresa, a descarbonização é um mecanismo de transformação profundo Para tanto, vamos contextualizar um pouco a cronologia do tema antes de adentrarmos em uma abordagem prática à descarbonização em si.
Adotar a inovação centrada em ESG é, indubitavelmente, um dos caminhos mais coerentes para o crescimento sustentável das empresas. Também conhecida como "tripé da sustentabilidade", a agenda ESG é responsável por direcionar os negócios a fim de que as iniciativas econômicas sejam capazes de garantir o desenvolvimento empresarial com a redução dos impactos socioambientais. São muitas vantagens competitivas e fatores benéficos à reputação corporativa quando traçamos uma estratégia de descarbonização que reflitam compromissos claros e mensuráveis.
Vale lembrar que 636 representantes de diferentes indústrias de combustíveis fósseis estavam presentes na última cúpula do clima. Um dos destaques no que tange ao setor privado foi o lançamento de um programa inédito para apoiar a implementação de ações climáticas nas empresas que representam aproximadamente 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. A plataforma Net Zero, idealizada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em parceria com o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), lançaram uma iniciativa cujo objetivo é criar metas empresariais de neutralidade climática em todas as esferas por meio do apoio prático à implementação de processos de descarbonização.
A iniciativa inédita não apenas reconhece que esforços individuais das empresas não são suficientes para o desafio nacional de descarbonização que temos de enfrentar, mas propõe um caminho coletivo que o setor privado possa trilhar na redução das emissões. Sabemos que a missão empresarial de zerar as emissões até 2050 é ambiciosa e desafiadora. Segundo o Oxford Net Zero & New Climate Institute, apenas 35% das empresas conseguem atingir critérios mínimos para apoiar nesse objetivo nacional e global. Além disso, o offsetting, que é uso de créditos de carbono de qualidade para abater emissões, seria uma das principais estratégias para toda a cadeia de valor.
O setor privado desempenha um papel fundamental para a redução das emissões rumo à economia carbono neutro. Entre as muitas prioridades, destacamos a necessidade de estabelecer metas com bases científicas e de longo prazo. Assim, poderemos, de fato, construir modelos eficazes de negócios de baixo carbono, sustentáveis e resilientes.
Atingir a descarbonização exige que as empresas tenham uma visão abrangente de seus sistemas, desde o design do produto e cadeia de suprimentos até a fabricação e operações, a fim de determinar a sua pegada de carbono e o melhor método para removê-lo.
O sucesso requer decisões complexas que abrangem processos industriais, redes de distribuição e inovação tecnológica. O imperativo de “transformar para minimamente operar” tem sido bem compreendido em setores de difícil descarbonização, como os ligados a combustíveis fósseis, como Petróleo e Gás, Automotivo e Mineração e Metais, desde o Acordo de Paris.
A necessidade de “transformar para diferenciar e vencer” a fim de criar vantagem competitiva agora está sendo acelerada por setores como Ciências da Vida, Produtos de Consumo e Varejo e Tecnologia, Mídia & Telecomunicações.
Em vista disso, fizemos uma abordagem prática e comprovada em cinco passos para auxiliar empresas na transformação de um negócio na direção sustentável com base em inteligência analítica e estratégica em cada etapa do processo.
1. Avalie a pegada de carbono geral da empresa e identifique as prioridades de descarbonização. A análise da pegada de carbono permite identificar a alocação das emissões nos escopos 1, 2 e 3.
2. Avalie as áreas com significativo potencial de redução de carbono e, se houver necessidade, avalie ainda oportunidades de offsetting e estude os custos e benefícios financeiros.
3. Estabeleça uma ambição e defina metas específicas de descarbonização; estabeleça compromissos ambiciosos, mas atingíveis e mensure o desafio frente a pegada de carbono identificada no passo 1.
4. Estruture planos com iniciativas granulares para alcançar as metas; o amplo engajamento da liderança organizacional é fator crítico de sucesso na transformação para descarbonização.
5. Atente-se minuciosamente às mudanças no ambiente de negócios e ajuste o curso do plano com agilidade apoiando-se em inteligência analítica, com total transparência institucional.
*Marcelo Andrade é sócio de estratégia e transações da EY-Parthenon