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Goodall também usou da sua voz e visibilidade para defender a conservação do meio ambiente e da biodiversidade (Robert Grey/Getty Images/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 15h43.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 15h53.
A primatologista Jane Goodall, uma das principais responsáveis pelo que conhecemos hoje sobre o comportamento dos animais e ativista ambiental, faleceu nesta quarta-feira, 1, aos 91 anos, na Califórnia.
A informação foi confirmada pelas redes sociais do Instituto Jane Goodall, que afirmou que sua morte foi por causas naturais. Goodall estava em viagem pelos Estados Unidos para palestrar sobre a conservação de espécies e a restauração ambiental.
Nascida no Reino Unido em 1934, Goodall foi pioneira ao explorar a Reserva Ambiental de Gombe Stream, na Tanzânia, para estudar o comportamento dos chimpanzés selvagens. Em 1986, ela afirmou à BBC que desde a infância costumava estudar a atividade de insetos, e o gosto pela biologia foi se desenvolvendo ao longo dos anos.
Goodall começou a carreira como assistente do paleoantropólogo queniano Louis Leakey, trabalho exercido junto ao Museu de História Nacional. Mesmo sem formação técnica, buscou aprender sozinha sobre animais. O chefe logo se tornou um mentor na busca por conhecimento da vida selvagem africana.
Em Gombe Stream, acampou por três meses com a mãe, Vanne, que foi sua acompanhante. “O governo britânico da época disse 'Não, é totalmente amoral uma jovem sair para a floresta'. Por isso, precisei escolher uma acompanhante”, afirmou à BBC. Depois, lidava com a floresta sozinha, acompanhando em tendas antigas do Exército.
Durante os meses de trabalho, tentou diferentes tipos de aproximação com os chimpanzés, o que lhe garantiu descobertas ainda inéditas para a ciência. Diferente do que se acreditava, os chimpanzés são onívoros, e não vegetarianos. Percebeu os hábitos de comunicação durante a caça e de acasalamento.
A maior das descobertas, talvez, seja a utilização de ferramentas pelos primatas, como usar galhos para caçar e pedras para intimidar, característica até então tida como exclusiva aos seres humanos. “Depois dos humanos, os chimpanzés usam mais objetivos diferentes, como ferramentas, do que qualquer outra espécie”, afirmou.
Compreender os comportamentos ritualizados e a expressão das emoções pelos chimpanzés foi essencial para entender a relação dos seres humanos com o restante do reino animal e o conceito de ancestral comum entre o Homo Sapiens e os primatas. Décadas após o início da sua pesquisa, a ciência confirmava que os chimpanzés compartilham 98,9% do DNA dos humanos.
Goodall também usou da sua voz e visibilidade para defender a conservação do meio ambiente e da biodiversidade, especialmente na proteção dos primatas. O combate às mudanças do clima também esteve presente em seus discursos recentes.
“Quanto mais pudermos fazer para restaurar a natureza e proteger as florestas existentes, melhor”, afirmou no ano passado, às vésperas da COP29, no Azerbaijão. “Ainda temos uma janela de tempo para começar a retardar as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade, mas essa janela está se fechando.”