ESG

Instituto Malwee capacita mulheres em costura e visa tirá-las do lixão

Em Pacajus, no Ceará, o Instituto do Grupo Malwee promove aulas de costura e mentoria para que mulheres aprendam nova profissão e tenham renda. Durante o curso elas recebem auxílios como cesta básica

Projeto Menos Resíduo, Mais Renda, do Instituto Malwee, em Pacaju, no Ceará (Felipe Souza/Reprodução)

Projeto Menos Resíduo, Mais Renda, do Instituto Malwee, em Pacaju, no Ceará (Felipe Souza/Reprodução)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 17 de fevereiro de 2022 às 08h00.

Vitória Régia Lima da Silva e Gleiciane Sousa Lima, moradoras de Horizontes, em Pacajus, região metropolitana de Fortaleza (CE), trabalham como catadoras no lixão de Pacajus mas, nos últimos tempos, encontram uma nova forma de ter renda. Isto porque ambas pretendem concluir a formação do Tecendo o Amanhã, que integra o projeto Menos Resíduo, Mais Renda, do Instituto Malwee.

Com a  iniciativa, Vitória, Gleiciane e outras 18 mulheres que atuam no lixão têm acesso a  seis máquinas de costura e recebem retalhos de tecido fornecidos pelo catarinense Grupo Malwee, que tem uma filial na cidade cearense em 2010. O parque fabril conta com uma área de 36 mil metros quadrados e atende os setores de costura e estamparia.

O resíduo do corte é o segundo maior em volume de resíduos gerados na indústria têxtil, o que motivou o Instituto a buscar uma conexão entre a destinação desses materiais e o incentivo a ações de economia circular e geração de renda para mulheres.

O projeto

No período das aulas, que ocorrem durante as manhãs de dois dias na semana, as participantes aprendem técnicas de costura e moda com o uso dos tecidos, recebendo treinamento para identificar oportunidades e práticas empreendedoras. Além disso, contam com transporte gratuito e recebem cestas básicas.

Depois do encerramento da capacitação, elas têm acesso a materiais residuais ao longo de seis meses, mentoria com voluntários do Grupo Malwee e formação continuada por meio do Ateliê Virtual Instituto Malwee, plataforma criada pelos voluntários do Grupo Malwee, com dicas e tutoriais para a confecção e comercialização de produtos, além de conteúdos sobre empreendedorismo.

A qualificação é realizada em parceria com o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS) e acontece em duas turmas, cada uma com 20 mulheres. A primeira, que já está acontecendo e finaliza em abril de 2022, e a segunda que acontecerá de abril a setembro de 2022. A expectativa é expandir o projeto nos próximos anos, atendendo mais pessoas em outras regiões do país.

O ingresso e desenvolvimento das mulheres no mercado de trabalho sempre é marcado por diferentes desafios, que se agravaram com a pandemia nos últimos dois anos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 8,5 milhões de mulheres ficaram desempregadas no terceiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

Ao reconhecer essas dificuldades, Vitória e Gleiciane destacam a oportunidade que a capacitação proporciona por meio da empregabilidade e geração de renda própria. “Eu me imagino com meu próprio negócio, pois, assim, posso desenvolver mais. Com meu projeto de costura eu posso empregar outras pessoas. Eu e minhas colegas [do projeto] estamos tecendo o futuro”, afirma Vitória, que busca renda para sustentar as duas filhas.

Com seis filhos, Gleiciane relata que já sonhava com um curso de costura, mas não teria condições de arcar com o investimento. “Nunca tive oportunidade porque é caro. Eu quero produzir as minhas coisas, porque eu já trabalhei, mas sempre para os outros. Aqui, aprendi artesanato, que eu já tinha visto, mas não sabia como fazer. No curso vou aprendendo para colocar tudo em prática”, relata.

Segundo o Grupo Malwee, em Pacajus existe uma demanda  por costureiras e a oferta de mão de obra qualificada ainda é baixa. Portanto, o projeto possibilita que estas mulheres possam se qualificar para atuar tanto por conta própria quanto em empresas que buscam estas profissionais. A própria unidade da Malwee, que fica ao lado do lixão, pode absorver estas alunas.

Além de Pacajus

A segunda frente do programa de economia circular Grupo Malwee corresponde à distribuição de resíduos têxteis para organizações sociais. As primeiras beneficiadas foram a Associação Paula Elizabete, de Montes Claros (MG); CREN - Centro de Recuperação e Educação Nutricional, de Maceió (AL); Associação das Mulheres de Paraisópolis, de São Paulo (SP); projeto de capacitação de Haitianos do SENAI  Jaraguá do Sul e Guaramirim (SC) e CEDEP - Centro de Educação Popular de Florianópolis (SC).

A proposta é fornecer material que possa ser usado para a elaboração de produtos artesanais e gerar renda para as instituições e para as mulheres e famílias atendidas. Assim como as participantes da qualificação, as entidades também terão acesso ao Ateliê Virtual Instituto Malwee, que expande as ideias para reaproveitamento das sobras de tecidos e insumos.

O projeto Menos Resíduo, Mais Renda integra um conjunto de práticas sustentáveis realizadas pelo Grupo Malwee, alinhadas ao modelo de economia circular, que relaciona o desenvolvimento econômico ao uso mais consciente dos recursos naturais.

Além das capacitações e destinação dos resíduos, a empresa investe em processos e matérias-primas de menor impacto ambiental, parceria com o brechó online Repassa e campanhas para aumentar a vida útil das roupas e outras iniciativas.

“Nossa missão é investir na transformação social por meio de atitudes que promovam a responsabilidade na relação com o meio ambiente e o cuidado com as pessoas”, diz Guilherme Weege, CEO do Grupo Malwee.

 

 

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